Nós, do Sindeducação, sindicato cuja base e direção são formadas ampla, orgulhosa e corajosamente por mulheres – e estas em sua maioria mulheres negras – não podemos deixar de vir a público manifestar toda nossa repulsa ao tratamento vil, violento, misógino e racista com que senadores se dirigiram nesta terça-feira, 27 de maio de 2025, à figura de Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, ex-senadora, por diversas vezes presidenciável, dona de uma trajetória reconhecida mundialmente, a quem neste momento dirigimos toda nossa solidariedade e reafirmamos, ao contrário de seus vis detratores, todo nosso respeito.
A violência direcionada a Marina não deve ser minorada ou ignorada. Não pode, embora tenha seu contexto de classe, ser tratada como mais uma disputa entre esquerda e direita.
As falas abjetas que lhe foram desferidas não atingiram apenas a sua pessoa.
Por isso mesmo, como vem acontecendo, cabe, a todo o conjunto da sociedade brasileira, unir-se para repudiar veementemente a forma como a ela se dirigiram, na Comissão de Infraestrutura do Senado, Marcos Rogério (Rondônia), Plínio Valério (Amazonas), Lucas Barreto (Amapá) e Omar Aziz (Amazonas), sob pena de esta instituição, que devia ser símbolo do republicanismo, ser levada ao lodo intransponível em que chafurdam esses que pensam estarem ainda assentados numa Casa Grande escravocrata no norte de país.
Marina Silva, ao contrário deles, mais uma vez se mostrou gigante e insubmissa.
Como dissemos, essa violência inaceitável não foi desferida apenas a sua pessoa, mas a todas as mulheres, especialmente mulheres negras que, como ela, não se limitam ao lugar que eles, homens brancos e ricos, acham que é o único espaço que devem ocupar, como ressaltou o senhor Marcos Rogério nessa ocasião.
Não nos calaremos. Não nos submeteremos à violência política de gênero. Não toleraremos o desrespeito. Não seremos interrompidas. A exemplo de Marina, usaremos nossa força e nosso trabalho para defender o que nos é caro, e aí estão o meio ambiente (cuja fala da ministra deve ecoar em resposta aos seres que a atacaram), a educação, os direitos humanos, a democracia.
Defender Marina neste momento é defender a civilização e a humanidade que nos é cara, em contraste à barbaridade evidente nas falas repugnantes que fomos obrigadas a ouvir nessa fatídica terça-feira 27 de março.
Marina é todas nós.
São Luís, 28 de maio de 2025.
Sindeducação