EXCLUSÃO DIGITAL | Matrícula online da Prefeitura de São Luís exclui famílias que não tem acesso à Internet

O prefeito ‘moderniza’ a matrícula, e não dá estrutura de funcionamento para as UEB´s, que estão desprovidas de tudo, inclusive de merenda escolar e material didático”, critica a presidente do sindicato.

No mundo fantástico criado pelo prefeito Edivaldo Holanda Júnior e seu secretário de Educação, Moacir Feitosa, a população ludovicense é 100% conectada à internet. A porcentagem, que só existe no imaginário desses gestores, é superior ao índice de 70% (dados do IBGE) de conectividade da população brasileira.

Com base nesse imaginário tecnológico, prefeito e secretário lançaram, no último mês dezembro, com grande alarde da imprensa ligada ao Palácio de La Ravardière, o processo de matrícula 100% Online na Rede Municipal de Ensino. As inscrições foram realizadas de 21 de dezembro a 1º de fevereiro.

Cerimônia de lançamento da matrícula online. (Foto: A. Baêta/Agência São Luís).

Foram ofertadas 15 mil vagas para toda rede, sendo 6 mil para Educação Infantil, 6 mil para Ensino Fundamental e 3 mil para Educação de Jovens e Adultos (EJA). A rematrícula dos estudantes veteranos foi automática.

Ao longo dessa semana, e nesse momento, centenas de pais de alunos que não têm acesso à Internet, estão no prédio da SEMED, no São Francisco, tentando fazer a matrícula de seus filhos. Outros, mesmo mesmo possuindo conexão, não conseguiram manusear o sistema (SisLame Web), que cadastra a intenção do aluno para a matrícula.

Servidora da SEMED tenta organizar e acalmar pais e alunos.

O Sindeducação alerta que a postura da Prefeitura, em conluio com a SEMED, penaliza a população mais carente de São Luís, que por vezes, mesmo dispondo de internet no aparelho celular, não consegue realizar uma matrícula pelo fato de não ter leitura, ou mesmo dificuldade no manuseio do sistema. “Nós sabemos que a escola pública deve ser ampla e inclusiva, mas o processo eletrônico lançado sob o viés da modernização, exclui milhares de pais e alunos da nossa Capital”, lamenta a presidente do Sindeducação, professora Elisabeth Castelo Branco.

Segundo o prefeito, a matrícula online faz parte das ações da política de Educação Municipal programa ‘Educar Mais fazendo parte do processo de modernização da gestão escolar. Por meio do programa está sendo realizado o diagnóstico da qualidade do ensino oferecido na rede pública municipal de São Luís com o objetivo de acompanhamento, monitoramento e tomada de decisões na área da Educação.

O prefeito ‘moderniza’ a matrícula, e não dá estrutura de funcionamento para as UEB´s, que estão desprovidas de tudo, inclusive merenda escolar e material didático”, critica a presidente do sindicato.

DIÁRIO ELETRÔNICO – A SEMED também lançou mão dessa obrigatoriedade para os professores da Rede de Ensino. Em declaração recente, o secretário de Educação, professor Moacir Feitosa, afirmou que o preenchimento do Diário Eletrônico de classe, por meio do Sistema de Administração e Controle Escolar (SisLAME), é obrigatório para todos, inclusive, para os professores das escolas onde não há disponibilidade de computadores e conexão à internet. Das 266 escolas, apenas 62 têm estrutura de equipamentos e internet para a realização do procedimento.

Para Moacir Feitosa, todo professor, na atualidade, deve estar inserido no contexto tecnológico, e preencher o Diário Eletrônico pelo smartphone, tablet ou computador pessoal, ir a uma Lan House, nas escolas, ou na própria SEMED, mas não deve deixar de fazê-lo. “Para facilitar, o sistema está disponível offline, onde o professor pode preencher as informações sem conexão de internet, salvar, e depois remeter quando estiver conectado à rede mundial de computadores”, pontuou.

Para o Sindeducação, a implantação do Diário Eletrônico, da forma como tem sido trabalhada pela SEMED, está sendo uma experiência “traumatizante” para a categoria. “Apoiamos o aperfeiçoamento do labor do educador por meio das novas tecnologias disponíveis, todavia, a Administração Municipal precisa oferecer todo o arcabouço necessário para a realização da tarefa, e não pode obrigar o professor a utilizar de ferramentas próprias, que muitas vezes nem dispõe”, avaliou Elisabeth Castelo Branco.

Imprensa Sindeducação.

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