O ano de 2023 já é considerado, de acordo com um levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz, com o maior número de ataques em escolas no país, desde 2002. Em seis meses foram registrados 7. Em 21 anos foram registrados um total de 25 atentados, que deixaram 139 vítimas, sendo 46 fatais. Armas de fogo foram usadas em 48% dos casos e causaram 76% das vítimas fatais.
O estudo do instituto ainda mostra que a disponibilidade de armas em residências favorece esse tipo de crime e aumenta a letalidade, colocando em evidência o quão crucial é o controle do acesso e do armazenamento dessas armas para redução da letalidade destes eventos, já que ferimentos com armas brancas e de pressão são menos graves e têm mais chances de defesa, socorro e recuperação da vítima. Segundo os dados, 80% das armas de fogo usadas nesses atentados em escolas se enquadram nas categorias que, até maio de 2019, eram de uso permitido a civis.
O último atentado, que deixou dois alunos mortos, aconteceu ontem (19) no Colégio Estadual Professora Helena, em Cambé, no Paraná e foi orquestrado por um ex-aluno de 21 anos, voltou a chamar atenção da sociedade no que diz respeito à urgente necessidade de se ter efetivamente políticas de prevenção da violência – o país, infelizmente, ainda trata o problema de forma efêmera. Lembramos também sobre outro enfretamento que deve ser feito em relação a cultura instaurada que está estimulando o comportamento violento entre jovens, que é a cultura de ódio, do preconceito e discriminação. Precisamos também de ações interdisciplinares que possam enfrentar essa cultura do extremismo e valorizar a escola como espaço de diversidade.
Escola não é lugar de violência, ela precisa voltar a ser lugar de conhecimento, conexão, interação, brincadeiras, divergência, diversidade, proteção e democracia e para nós, do Sindeducação, que acompanhamos com extrema preocupação o aumento desses casos de violência, as políticas públicas precisam ser fortalecidas e construídas coletivamente, além disso há de se chegar ao consenso que a violência enfrentada nas escolas não é um problema de segurança pública e não pode ser exclusivamente tratado nesta perspectiva. É um problema que exige ampla mobilização da sociedade, ampla mobilização das famílias, ampla mobilização da comunidade escolar, amplo diálogo com os estudantes e envolvimento de gestores públicos, pois se trata de algo complexo e que demanda uma resposta sistêmica, preventiva e não apenas projetos emergenciais, produzidos no calor do momento como temos visto nas ações empreendidas, seja na esfera federal, estadual ou municipal.