Sem quórum para avaliar parecer de comissão, Câmara Municipal vai se esquivando de cassar mandato de vereador acusado de assédio contra meninas e mulheres

  • Sindeducação convoca a todos e a todas a se fazerem presentes à sessão extraordinária da Câmara Municipal nesta sexta-feira, 9 de agosto, às 9h e cerrar fileiras em defesa das mulheres e crianças;
  • Aliados do vereador Domingos Paz lotaram a galeria da Casa nesta quinta-feira, 8 de agosto, impedindo que as mulheres acompanhassem a sessão que poderia cassar o mandato de Domingos Paz; vereador tenta transformar caso de assédio em “perseguição religiosa”, mesmo com provas atestando sua conduta;
  • Base aliada à Prefeitura foi fundamental para adiar desfecho do caso.

 

A Sessão convocada pela Câmara de São Luís para esta quinta-feira, 8 de agosto, na qual deveria ser votada a cassação do vereador Domingos Paz, foi adiada por falta de quórum, beneficiando o acusado e impedindo que a pauta das mulheres avançasse no legislativo municipal.

Há mais de dois anos a mobilização de diversos coletivos feministas, movimentos sociais, partidos de esquerda, sindicatos – entre eles o Sindeducação, entre outras entidades, tem sido fundamental para apurar as denúncias que fundamentam o processo de cassação e finalmente fazer com que a Casa saia da inércia na defesa de mulheres e crianças contra a violência e o assédio sexual.

Entretanto, o dia que prometia ser histórico na defesa das vidas não apenas das vítimas do caso Domingos Paz, mas, simbolicamente, de todas as mulheres e crianças da cidade, foi adiado: vereadores que eram para estar na Casa e fazerem o trabalho para o qual foram designados pela sociedade não compareceram, contribuindo assim para protelar o desfecho desse caso.

Os seguintes vereadores, faltosos, contribuíram com sua ausência para que a impunidade siga manchando a reputação da Câmara. São eles:

– Tiririca do Maranhão (PL);

– Astro de Ogum (PCdoB);

– George da Cia (Avante);

– Daniel Oliveira (PSD);

– Antonio Garcez (PP);

– Thyago Freitas (PRD);

 – Marcos Castro (PSD);

– Umbelino Junior (PSB);

– Marlon Botão (PSB);

– Rosana da Saúde (Republicanos);

– Zeca Medeiros (PRD).

 

Além da ausência desses vereadores, os movimentos de mulheres denunciam ainda a ausência das instituições, no âmbito do estado, município, ministério público e OAB, de suas instâncias que deveriam acompanhar minuciosamente o caso, por lidarem diretamente com as pautas de gênero, juventude, infância e adolescência.

 

 

DE FORMA ANTIDEMOCRÁTICA, PARTIDÁRIOS DE ACUSADO DE ASSÉDIO TOMAM GALERIA DA CASA

 

Ao que parece, contudo, a estratégia de esvaziar o quórum não foi a única a que os defensores da impunidade recorreram.

Ao chegarem à Câmara para acompanhar a sessão, as mulheres se depararam com a galeria já plenamente ocupada por pessoas que sequer acompanham o caso que joga a reputação do parlamento na lama (a maior parte da audiência dessa sessão era de homens, inclusive)

E mais: a galeria estava tomada em grande parte por ocupantes ligados ao denunciado, que lotou o ambiente com pessoas de seu credo religioso, tentando transformar um nítido processo de cassação por ASSÉDIO E VIOLÊNCIA SEXUAL em questão de perseguição religiosa, como gritava uma de suas defensoras que estava na galeria da Casa.

 

MULHERES RESISTEM E PROCESSO DE CASSAÇÃO DEVE SER ANALISADO NESTA SEXTA-FEIRA 9 DE AGOSTO

 

Com a pressão das mulheres, que não cederam a essa situação que parecia ter a intenção de sepultar o processo de cassação ou fazê-lo caducar, o presidente da Câmara, vereador Paulo Victor (PSB) convocou sessão extraordinária para esta sexta-feira, 9 de agosto, às 8h, no Plenário da Casa.

 

AS MULHERES CONVOCAM TODA A POPULAÇÃO DE SÃ LUÍS, PARA, EM DEFESA DAS SUAS VIDAS DE SUAS CRIANÇAS, ACOMPANHAREM O DESFECHO DESSE CASO

 

O Sindeducação reforça o chamado para que professores e professoras, que infelizmente não raro se deparam com casos como o provocado pelo vereador Domingos Paz, que participem da sessão e se dirijam logo cedo na manhã desta sexta à Câmara de São Luís, para fazermos história na defesa do direito à vida das mulheres: nós do Sindeducação estaremos lá, a postos, a partir das 7h: vamos, todos e todas, à Câmara Municipal, pelas vidas das mulheres e crianças.

 

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