Precarização, adoecimento e pressão no trabalho são fatais!
PROFESSORA SILVANEIDE MONTEIRO ANDRADE,
PRESENTE!!!
Ao menos por um dia inteiro o país todo deveria parar. Na última sexta-feira, 30 de maio, a professora Silvaneide Monteiro Andrade, da rede estadual de educação pública do Estado do Paraná, morreu dentro da escola cívico-militar Jayme Canet, em Curitiba. Infarto fulminante, após ser cobrada por metas, diários, plataformas.
Se a morte de uma professora já seria motivo de todos pararmos em sinal de pesar, o cenário em que a tragédia aconteceu motiva mais ainda a questionarmos um sistema que, em vez de nos dar asas, pressiona, poda e mata professores e professoras. Tudo neste terrível acontecimento vem sendo há anos objeto de nossa luta na defesa de uma educação libertadora, pública, laica, de qualidade, transformadora, emancipatória.
Os burocratas que pressionam professoras e professores sobre plataformas e metas não estão a fundo interessados em melhorar a educação.
Se o estivessem, nos ouviriam, aceitariam o diálogo que sempre propomos. Sua preocupação é que tudo esteja no sistema, nas plataformas, nas métricas que, em vez de dar asas, como dissemos, podam estudantes e o trabalho docente.
A sobrecarga, o assédio, a cobrança exacerbada, que nada tem a ver com saber de fato como anda a educação pública no Paraná e no Brasil, mataram a professora Silvaneide, de 56 anos. Mas não somente esses fatores: a eles juntaram-se o modelo por nós já denunciado de escolas militarizadas, e a precarização do trabalho – Silvaneide era mais uma das milhares de professoras contratadas, sem garantias que a entrada pelo concurso público pode dar – com temor de não atingir metas e submetida a ameaças para preservar seu emprego.
Nesse sentido, lembramos que na rede pública municipal de São Luís, o último concurso, cujo resultado saiu esta semana, nem de longe repõe as vagas da rede, servindo para manter a precarização da contratação sem direitos efetivos de um servidor ou servidora públicos, e até mesmo aprofundando-a.
Além disso, a política de bonificação por desempenho proposta pelo Prêmio de Desempenho Educacional – Educa São Luís vai nessa mesma direção, buscando naturalizar em nossa categoria a preocupação com metas como forma de melhora salarial – o que não é valorização efetiva e nem muito menos, como dissemos, forma de melhorar a educação pública.
Esta carta é uma homenagem à professora Silvaneide, mas também é um desabafo, e, além, é uma reafirmação de nosso compromisso de luta: em sua memória, mas também por nossas vidas, seguiremos lutando contra a precarização; contra o assédio; contra o adoecimento; contra a cobrança excessiva e o engessamento e controle insano do fazer docente, que nada tem de preocupação efetiva com a educação pública; contra a militarização que tolhe o processo educacional impondo uma lógica contra a emancipação humana, valor fundamental da Educação.
Seguiremos denunciando e cobrando, desagrade a quem degradar. Seguiremos defendendo nossas vidas e nosso trabalho e a Educação Pública, contra aqueles que, em vez de seus apoiadores, transformam-se em seus inimigos. Por Silvaneide e por todos e todas nós.
São Luís, 04 de junho de 2025
Sindeducação