VISITA ÀS ESCOLAS | Sindeducação identifica contrastes nas escolas da Zona Rural de São Luís

Anexo da UEB Honório Odorico, contrasta com a boa estrutura do prédio Polo.

Nesta quinta-feira, 11, a Diretoria do Sindeducação deu início a uma série de visitas às escolas da Rede Municipal localizadas na Zona Rural de São Luís. As dirigentes sindicais Elisabeth Castelo Branco, Izabel Cristina e Gleise Sales, visitaram quatro escolas, as UEB´s Proteção de Jesus; Honório Odorico Ferreira (Polo e Anexo); e José Teixeira de Mota, situadas, respectivamente, nos povoados Mato Grosso, Tajipuru e Tajaçuaba.

Durante as visitas, as professoras identificaram diversos problemas estruturais que necessitam de manutenção periódica e reformas gerais por parte da Secretaria de Educação – SEMED, para melhor funcionamento; de outro lado, verificaram as boas condições da UEB Honório Odorico Ferreira – Polo.

Polo da UEB Honório Odorico tem boa estrutura física e pedagógica, ao contrário do prédio Anexo da mesma escola.

Segundo a presidente do Sindeducação, professora Elisabeth Castelo Branco, a escola é muito organizada e conta com amplo acervo bibliográfico catalogado pelas docentes, que incluíram o material na rotina pedagógica das aulas, o que tem sido bem aproveitado pela comunidade escolar. “O espaço está muito bem conservado e apresenta um excelente aspecto de higienização e limpeza, as salas são amplas e ventiladas, porém a iluminação é insuficiente, pois há constante queima de lâmpadas por conta da oscilação da energia elétrica”, ressaltou.

Acervo organizado e pronto para as atividades em sala de aula.

A estrutura poderia ser melhor, se a energia fornecida à escola suportasse os aparelhos de ar-condicionado, que ficam desligados em razão das oscilações. “Parabenizamos a gestora Maria José Mesquita e toda a sua equipe pelo excelente desempenho na gestão da escola pública municipal” finalizou a presidente.

O OUTRO LADO – A ótima estrutura do Polo contrasta com a grave situação do prédio Anexo da UEB Honório Odorico Ferreira. O espaço, que nunca foi reformado e precisa de reparos urgentes, possui salas escuras, sem janelas, pisos quebrados e soltos, tornando-as insalubre e perigosas para alunos e professores.

Prédio Anexo precisa de reforma e melhoria no acervo pedagógico.

De  acordo com a professora Gleise Sales, a escola possui apenas dois banheiros para atender 150 crianças matriculadas no turno vespertino, e mais seis professores. “A escola não possui nenhum tipo de laboratório e nem biblioteca. Não possui banheiro adequado à pessoa com deficiência, e ao redor da escola percebe-se que não há capina constante, pois o mato toma conta de todo entorno do prédio, facilitando o surgimento de cobras e outros bichos, que já apareceram no local, segundo depoimentos de funcionários”, avaliou a dirigente.

SALAS MULTISSERIADAS – A realidade das UEB José Teixeira de Mota também não é diferente. A unidade possui 85 alunos matriculados do 1º ao 5º ano, com salas multisseriadas, ou seja, professor trabalha na mesma sala de aula com várias séries, simultaneamente. Além disso, são apenas quatro professores (sendo um seletivado), uma gestora, funcionários da cantina e limpeza. Os professores não têm o direito ao 1/3 de Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo – HTPC, antiga hora-atividade, respeitados.

A escola necessita de atenção da SEMED.

As classes multisseriadas existem, principalmente, nas escolas do meio rural, visando diminuir o número de professores. Para a professora Izabel Cristina, essa é uma triste realidade para a comunidade escolar, pois, além dos problemas graves de insalubridade (mofo, umidade, cupim e etc), eles têm de conviver com esse tipo de organização, que pedagogicamente, é considerado problemático por alguns teóricos, uma vez que é difícil trabalhar com várias séries simultaneamente.

Realidade da UEB José Teixeira de Mota.

Nós professores somos contra esse tipo de escola, pois representa um retrocesso na vida de diversos alunos que perdem em qualidade de ensino”, lamentou a sindicalista.

Segundo a gestora Eliane Barbosa, essa situação ocorre pela baixa demanda de alunos na área. “A quantidade de alunos da mesma série não fecha uma turma. É a saída que encontramos”, pontuou.

Outro problema é a paralisação das aulas. Os alunos estão sem aulas desde o último dia 17 de maio, por falta de condições estruturais de funcionamento. “Existe uma promessa de reforma feita pela SEMED, inclusive já houve visita técnica da Engenharia, mas os trabalhos ainda não começaram”, relatou a gestora escolar.

A escola tem buracos no telhado, piso comprometido, fiação elétrica exposta, mofo e infiltração em todas as paredes, banheiros, vaso e assento sanitários inadequados para as diferentes idades, iluminação e ventilação insuficientes, dentre outros problemas.

UEB PROTEÇÃO DE JESUS – A unidade possui 10 salas de aulas, sendo 08 do Ensino Fundamental (1º ao 9º ano) , e duas salas da Educação Infantil, das quais uma está interditada (o forro desabou). São 390 alunos e a falta de professores é uma realidade desde 2015, e mesmo após quatro anos ainda faltam professores de Português, Religião, Filosofia e Artes (do 6º ao 9º ano).

Duas salas da UEB Proteção de Jesus estão interditadas.

Segundo a professora Elisabeth Castelo Branco, a estrutura física do espaço escolar é boa; porém, nunca passou por reforma, e como não tem manutenção e cuidados, desde 2015, a escola sofre com problemas graves em toda a estrutura predial, telhado, fiação elétrica e hidráulica. “Os problemas não são de hoje, no período de 2005 a 2006 fui professora desta escola e conheço as dificuldades, e a situação só se agrava. Lutei pelas condições de trabalho, inclusive ônibus para transporte de professores”, finalizou.

Salas com baixa iluminação. Faltam lâmpadas.

A situação da UEB Proteção de Jesus foi destaque, em 2015, no Portal G1. Clique aqui e leia.

Em 2016, o Sindeducação também denunciou a situação de caos. Clique aqui e leia.

O IDEB 2017 foi de 3,6 nos anos iniciais, e de 3,2 nos anos finais. A escola está em situação de alerta e longe da meta de 6.0.

Imprensa Sindeducação.

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