VIDAS EM RISCO | SEMED desconsidera alerta da Fiocruz e prossegue divulgando retomada das aulas em São Luís

Em meio ao cenário de alerta com aumento considerável do número de novos casos de Covid-19 e possibilidade de uma segunda onda de contaminação da população em São Luís, a partir de estudo divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ, instituição de pesquisa e desenvolvimento em ciências biológicas localizada no Rio de Janeiro, e considerada uma das principais organizações mundiais de pesquisa em saúde pública, a Secretaria de Educação – SEMED prossegue arquitetando a retomada das aulas para início de setembro, sem levar em consideração o risco a que serão submetidos professores, estudantes, familiares e população em geral, caso se concretize a retomada presencial.

Segundo informações divulgadas no Jornal O Imparcial, a partir de reunião realizada nesta quinta-feira, 23, entre a secretaria e promotorias de Justiça especializadas em Educação, ficou comprovado que a SEMED, assim como se portou na última reunião com o Sindeducação e na audiência da Câmara de Vereadores, segue sem protocolos norteadores sobre a situação epidemiológica na Capital, onde mais uma vez não apresentou documentos sanitários que comprovem a possibilidade de retomada segura sem risco à saúde da comunidade escolar e população em geral.

A SEMED tratou, ainda que superficialmente, apenas da parte pedagógica. Segundo texto de O Imparcial, secretário e prefeito de São Luís querem a retomada das aulas do 8º e 9º anos do ensino fundamental a partir de setembro. “E o objetivo foi relatar as diretrizes sanitárias e de segurança para a reabertura gradual e colher sugestões do MPMA”, frisa o texto sem descrever quais seriam essas diretrizes.

E prossegue pontuando que Moacir Feitosa teria apresentado as diretrizes à Câmara Municipal durante a audiência do último dia 15. O Sindeducação participou do ato e não verificou qualquer protocolo sanitário assinado por autoridades de saúde confirmando que o retorno é seguro.

A Secretaria de Educação voltou a falar somente do que pensa para o calendário, sem contudo, detalhar o que porventura esteja sendo feito pela Administração Municipal para contornar a situação de caos na estrutura dos espaços escolares, muitos, sem água potável inclusive. “Durante a audiência pública remota, Feitosa afirmou que o retorno à sala de aula será gradual, evitando, assim, aglomerações nas dependências das escolas. “Não podemos abrir as portas para 87 mil alunos de uma vez. Isso não pode acontecer. A ideia é iniciar com alunos maiores, do 8º e 9º ano, e depois do 5º ano fundamental. Ainda iremos definir a porcentagem dos estudantes que retornarão nesse primeiro momento”, ressalta trecho do Jornal abordando fala do secretário.

Moacir Feitosa também abordou a questão dos dias letivos e o foco no aprendizado das habilidades essenciais, apontando para a adoção do ensino híbrido, presencial e com aulas remotas.

REUNIÃO – Durante reunião presencial realizada no dia 18 de julho, com os promotores de Justiça das Promotorias Especializadas em Educação de São Luís, a diretoria do Sindeducação discutiu o cenário da Educação Pública após a flexibilização das medidas de isolamento social, e a sinalização da Secretaria de Educação – SEMED para uma possível retomada das aulas presenciais, medida que o sindicato considera precipitada.

A professora Izabel Cristina, presidente em exercício do Sindeducação, iniciou a conversa fazendo um histórico da tentativa de diálogo do sindicato com a SEMED, para tentar construir parâmetros e diretrizes não apenas para um retorno seguro das aulas presenciais, mas que considere o professor e todos os aspectos da Educação Pública de forma integrada.

A SEMED tem se antecipado em pressionar professores a realizarem planejamento, anunciar data para retorno como apontaram o dia 3 de agosto, e agora indicam o mês de setembro. Fazem licitação para compra de álcool em gel e máscaras, mas não apresentam documentos sanitários que estabeleçam diretrizes que comprovem a possibilidade de retomada segura, o que para nós não existe nesse momento”, frisou a sindicalista.

Na oportunidade a dirigente de Assuntos Educacionais do Sindeducação, professora Gleise Sales, também demonstrou, aos promotores, toda a preocupação que gira em torno da categoria para uma retomada nesse momento, fato que tem agravado o quadro psicológico dos professores, tão latente em razão do isolamento social ao longo dos últimos 120 dias. “A exposição ao vírus, as condições estruturais e sanitárias das escolas, a falta de itens essenciais como água potável, pias, vasos sanitários, falta de refeitórios, e salas como a do anexo da UEB Leonel Brizola, onde durante as aulas a professora não consegue dar um passo em razão do tamanho inadequado do espaço e da quantidade de alunos, são situações lamentáveis e preocupantes”, apontou.

O sindicato também falou sobre a pesquisa aplicada pela SEMED junto aos professores e pais de alunos, para a possibilidade de aplicação de aulas remotas. “O resultado comprovou que, além de não ser adequado na Educação Básica, não é possível a adoção de tal prática na rede, dentre outros aspectos, em razão do grande número de famílias e professores que serão excluídos dessas aulas digitais.

A professora Izabel Cristina ressaltou um dado que o próprio secretário de Educação tem difundido em suas falas. Durante a reunião com o Sindeducação e na audiência realizada na Câmara Municipal, o gestor afirmou que apenas cerca de 5 a 6 escolas estariam aptas a retomar as aulas, e outras 40 unidades de ensino sequer chegaram a iniciar o ano letivo 2020. “Ou seja, não foi a pandemia que comprometeu o ano letivo na Rede Pública, vivemos um histórico de descaso e precariedade que ao longo dos últimos quatro anos agravaram a situação do Ensino Público de São Luís”, pontuou.

Imprensa Sindeducação com informações de O Imparcial.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.