Sobre o Retorno presencial na rede pública municipal de ensino de São Luís.

Reforma das escolas é fruto de muita luta de toda a categoria

A pandemia da covid-19 escancarou e aprofundou todos os problemas da rede pública municipal de São Luís, evidenciando o descaso do poder público com a educação, em especial, o sucateamento da estrutura física das escolas e anexos. Sem dúvidas, 2020 e 2021 foram anos muito difíceis para categoria de professores, sofremos com perdas de entes queridos, tivemos que conduzir o ensino remoto – adotado às pressas e sem nenhuma diretriz; trabalhamos exaustivamente, inclusive tirando do nosso próprio bolso o que poderia ter sido custeado pelo município e, claro, enfrentamos a maior crise econômica do país, sem termos reajuste em nossos contracheques há 5 anos.
O medo diante da maior crise sanitária mundial, no entanto, não calou a nossa voz, seguimos lutando por condições dignas de trabalho e não aceitaremos mais trabalhar em ambientes insalubres e inseguros. Em 2021, muito antes de o prefeito Eduardo Braide anunciar o retorno presencial, o Sindeducação iniciou um trabalho sistemático e fundamentado, cobrando da Prefeitura de São Luís o investimento num plano de reestruturação da rede, com construção e reformas das unidades escolares e adoção de um plano de retorno presencial seguro para a comunidade escolar, com respeito aos protocolos sanitários indicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Para isso, subsidiou órgãos como o Ministério Público Estadual (MP-MA), por meio da 2ª Promotoria de Justiça de Defesa da Educação de São Luís e também o Ministério Público do Trabalho (MPT-MA), para também tentar garantir que a Prefeitura de São Luís respeitasse a jornada de trabalho dos profissionais do magistério e oferecesse condições dignas de trabalho.
Em reunião realizada com o Ministério Público, na manhã desta quarta-feira, 26 de janeiro, a Semed reafirmou o anúncio do prefeito, de que as escolas da rede devem retornar com aulas presenciais no dia 1º de fevereiro. O Sindeducação, que intensificou as visitas às unidades escolares durante o mês de janeiro, avaliou que, de fato, há mudanças qualitativas, pois, grande parte das escolas visitadas já está passando pelas reformas e reparos tão esperados nos últimos 12 anos, e isso acontece graças a uma intensa mobilização do Sindeducação e de toda a categoria, que não mediu esforços para exigir da administração municipal condições para poder trabalhar. No entanto, há muito ainda a ser feito, considerando que, na maioria das escolas, há a necessidade de intervenções de grande porte e as obras iniciaram apenas há duas semanas.
Na mesma reunião, o sindicato frisou que o retorno presencial das atividades escolares, deve levar em consideração, além da reestruturação física das unidades de ensino, as condições epidemiológicas atuais, caracterizada pelo surto da variante ômicron e da gripe Influenza H3N2, bem como do aumento das internações na cidade de São Luís. Além disso, a vacinação das crianças de 5 a 11 anos está ainda iniciando. Dessa forma, a entidade reafirmou a deliberação da última assembleia da categoria, de que o calendário letivo de 2022 só inicie com aulas presenciais quando as condições epidemiológicas permitirem, isto é, quando os índices de contaminação e internação diminuírem.
Reforçamos a necessidade de diálogo entre a Prefeitura de São Luís, a Secretaria Municipal de Educação (Semed), o Sindeducação e os professores da base para a construção, com o envolvimento de todos, de um calendário para os próximos meses que contemple, além das reformas ou reparos, garantias que o retorno presencial será seguro para todos, com testagens em massa na comunidade escolar, que seja respeitado o distanciamento, com revezamento dos alunos em sala de aula, com investimento no ensino híbrido, sem sobrecarga de trabalho para o professor, e que a rede tenha um grande plano de recuperação de aprendizagens, principalmente no que diz respeito à evasão escolar e ao atendimento daqueles alunos que não puderam ter acesso às aulas remotas por falta de meios tecnológicos, já que, para eles, nada foi disponibilizado. Lembramos também que muitas escolas ainda não têm nenhuma intervenção na infraestrutura física e com a continuidade do ensino remoto se faz necessário o investimento no acesso tecnológico aos estudantes.
O Sindeducação permanece vigilante, mobilizando por condições dignas de trabalho e pela valorização da carreira docente. Precisamos de todos os braços. Fortaleça essa luta!

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IMPRENSA SINDEDUCAÇÃO

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