Na manhã da quarta-feira, 21 de junho, o Sindeducação – gestão Resistir, Lutar e Avançar nas Conquistas, visitou a UEB Alberico Silva – Ciep, localizado no bairro da Alemanha.
O Ciep por muito tempo serviu de propaganda para o prefeito Edivaldo Holanda Júnior, como uma das escolas de tempo integral, porém não foi exposto que a escola não possui condições e nem infraestrutura para a permanência de crianças pelo dia todo.
A unidade de ensino, que já foi uma das escolas de referência da rede municipal, mantém uma área ampla e ainda preserva marcas históricas desde a sua fundação. Porém a falta de investimentos em intervenções, manutenções preventivas e corretivas acumularam vários problemas ao longo do tempo. O Sindeducação, há mais de quatro anos, denuncia a deficiência estrutural do Ciep, visto que a gestão pública nunca investiu na adaptação do local para receber a demanda de uma escola em tempo integral; prejudicando atendimento de crianças que por necessidade precisam passar o dia todo na escola para que os pais possam trabalhar.
Mesmo em condições inviáveis os alunos passam o dia inteiro na escola; privados até mesmo de desenvolver atividades de higiene, como o banho, pois as instalações hidráulicas estão comprometidas. Durante a visita também foi observado que o local de almoço dos professores é infestado por baratas.
Outro problema preocupante é a ação recorrente de criminosos na escola. De acordo com informações dos professores, os suspeitos adentram o espaço por um buraco criado através de cortes na grade, que os mesmos fizeram. Os furtos ocorrem com frequência durante os fins de semana e feriados. Por causa das ações criminosas, apenas uma sala tem lâmpada e um ventilador, as outras não possuem tais aparatos. Em salas escuras e parcialmente arejadas, professores e alunos tentam desenvolver o processo ensino e aprendizagem. “Mas a situação é desumana e prejudicial ao desenvolvimento dos alunos”, dispara uma professora, que preferiu não se identificar.
Para a presidente do Sindeducação, professora Elisabeth Castelo Branco, a educação integral diz respeito à integralidade do sujeito, ou seja, propõe trabalhar com o ser humano de forma mais ampla. A relação que a educação integral tem com o espaço e o tempo é diferente da escola na forma tradicional de educação. Porém o quadro das escolas de tempo integral é preocupante. “Olhar os professores e crianças vivendo em espaços escolares sem as mínimas condições é revoltante, angustiante e lesa o aprendizado, o ensino e a saúde deles; como trabalhar em uma sala escura? O que adianta passar o dia todo na escola? Como as crianças aguentam o calor após o intervalo, sem poder banhar? São várias situações que não dá mais para aceitar. Precisamos nos organizar e iniciar o movimento paredista em agosto, mobilizados para o enfrentarmos essa gestão que não respeita e não valoriza a educação pública, sustentou.
O Ciep é uma das unidades de ensino contemplada no Termo de Ajustamento de Conduta – TAC/2014 para ser reformada, mas os trabalhos não foram iniciados até o momento. Outra denúncia antiga do Sindeducação é sobre a reforma da quadra esportiva da unidade de ensino, que há anos aguarda a execução das obras. Com o mesmo aspecto de abandono e tomada pelo matagal, a quadra ainda é um sonho para a comunidade escolar. Desde 2013, o sindicato cobra da prefeitura de São Luís os serviços de reforma, visto que o município recebeu 33.323,07, sendo o orçamento total de 166.615,37 (fonte: FNDE). A Semed ainda iniciou os serviços, mas não prosseguiu e os materiais que estavam no local foram todos furtados.
Na ocasião, foi realizada mais uma eleição do projeto Delegados nas Escolas. Eleitos por ampla maioria, o professor Marcos André Freire, como titular, e a professora Maria do Socorro Gonçalves Costa, como suplente. “O nosso objetivo é fortalecer a aproximação da base com o sindicato”, expôs a professora Josidete Barbosa.
As diretoras sindicais também visitaram a Creche Maria de Jesus Carvalho, onde se reuniram com os professores para dialogar sobre as dificuldades enfrentadas pelo corpo docente. Os professores denunciam que as salas não têm ventiladores e o calor é intenso provocado pelo tipo de telha. Outro problema que ainda não foi solucionado é a questão do piso que está soltando e quebrando, onde as crianças podem acabar se acidentando. Em março deste ano, uma professora estava desenvolvendo o trabalho pedagógico em sala de aula, quando o piso começou a insuflar e soltar do chão, deixando todos desesperados. A docente conseguiu, rapidamente, reunir os alunos e evacuar o local. Há seis meses, o fenômeno também atingiu parte do refeitório. (Relembre a matéria)
O Sindeducação representará a denúncia junto à Promotoria Especializada da Educação para pedir a intervenção do órgão, bem como encaminhará um oficio à Secretaria Municipal de Educação (Semed) exigindo a resolução dos atuais problemas nas referidas unidades de ensino.