A Secretaria Municipal de Educação (Semed), por meio da Superintendência de Assuntos Comunitários, realiza até hoje, 19 de janeiro de 2023, o “Encontro da Rede de Escolas Comunitárias” e, segundo a pasta, o evento agora fará parte do calendário da educação municipal da capital e serviu para ser um momento de integração, diálogo e de anúncio de avanços para o setor.
Para o Sindeducação é, no mínimo, contraditório que a Prefeitura de São Luís inicie o ano realizando evento para escolas conveniadas, quando todos os dias dezenas de pais e mães aflitos procuram a Semed em busca de vagas para seus filhos na rede. É constrangedor, se lembrarmos que a rede não dispõe de uma política de formação continuada para toda categoria e que a Prefeitura não costuma valorizar os professores que lutam por mais conhecimento e formação, por meio de cursos de especialização, mestrado e doutorado. Seria bom a Semed repensar suas prioridades, pois, quanto mais os (as) professores (as) estiverem preparados (as) dentro das escolas, mais poderão promover aprendizagens significativas, ajudando estudantes a avançar nos conhecimentos necessários.
Além disso, a Prefeitura de São Luís, ciente que houve perda de alunos (as) da rede no período da pandemia, já deveria ter apresentado a solução que pais e mães de famílias tanto aguardam: a construção de novas escolas nas comunidades que têm alta demanda de estudantes, sobretudo na Educação Infantil. A construção de seis creches, sem dúvida é um avanço, mas não é suficiente. Inclusive os recursos dos Precatórios do Fundef ajudariam muito nesta questão.
O Sindeducação reconhece a colaboração de muitas escolas comunitárias nos bairros mais carentes, sem elas, o índice de crianças fora da escola seria ainda maior. Mas, como entidade representativa de classe e que acompanha diariamente as dificuldades de muitas famílias, principalmente em períodos de matrícula e rematrícula da rede, não pode deixar de tecer críticas em relação ao modo como a gestão do ensino público está sendo conduzida e quem são, de fato, os maiores beneficiados. Portanto, achamos que as escolas comunitárias não são a solução e sim um sintoma de um sistema desigual e politiqueiro. A maioria das professoras que atuam nestas escolas são subempregadas e passam meses sem salários; há uma dificuldade imensa de fiscalizar os recursos do Fundeb investidos nessas instituições e garantir qualidade da alimentação escolar servida por elas. O Conselho Municipal de Educação é ciente de que a maioria não tem condições mínimas de funcionamento.
O Sindeducação sabe que recorrer às escolas comunitárias para atender as deficiências do Município, não é um fato isolado da capital maranhense, mas o Executivo deveria estar priorizando mais investimentos na educação pública e valorizando seus profissionais, que durante anos comprometeram seus esforços e saúde em escolas lotadas, quentes e sem condições para oferecer um ensino de qualidade.
Detalhes são importantes
Chamou atenção no “Encontro da Rede de Escolas Comunitárias” a participação de Fernando Braide, deputado estadual do PSC eleito no último pleito, que ainda não assumiu efetivamente o mandato, mas já é convidado especial de evento com escolas conveniadas no município em que seu irmão é gestor. Em suas redes sociais, o deputado disse que reitera seu “apoio à Educação, em especial à Primeira Infância, para que, juntos, se garanta o futuro que as nossas crianças merecem”. Não encontramos nenhuma informação sobre atuação do parlamentar em ações relacionadas ao fomento e desenvolvimento da Educação Infantil.