Saeb e Ideb: Brasil registra piora no aprendizado de estudantes em todos os níveis avaliados

Alfabetização, medida no 2º ano do ensino fundamental, foi a etapa que sofreu o maior impacto.

Resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2021 e do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2021, divulgados no último dia 16 pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostraram que o Brasil registrou piora no aprendizado de estudantes em todos os níveis avaliados, sendo que a etapa que sofreu o maior impacto foi a da alfabetização, medida no 2º ano do ensino fundamental.

Aplicado a cada dois anos, desde 1990, o Saeb é a principal avaliação nacional de aprendizagem. Nele, estudantes do 2º, do 5º e do 9º ano do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio resolvem questões de língua Portuguesa e Matemática. Ao todo, 5,3 milhões de estudantes foram avaliados em 2021. 

Em relação ao Ideb, que considera os resultados do Saeb e o fluxo escolar, a aprovação ou reprovação e o abandono escolar e que fixa metas para serem cumpridas a cada etapa de ensino, os resultados mostram que o país não cumpriu nenhuma das metas. Para os anos iniciais do ensino fundamental, até o 5º ano, o Ideb 2021 foi 5,8, a meta era 6. Nos anos finais, o Ideb foi 5,1 e a meta era 5,5. No ensino médio, o Ideb foi 4,2 e a meta era 5,2.

O Inep ressaltou que a divulgação é atípica, por conta da pandemia da covid -19 e que é preciso ter cuidado ao comparar os resultados, tanto com os resultados obtidos em anos anteriores quanto entre escolas, municípios e estados. O ministro da Educação, Victor Godoy, chegou a considerar a realização da edição de 2021 como um grande desafio, com muito trabalho e esforço conjunto de União, estados e municípios. Disse também que sua aplicação foi “exitosa”.

O Sindeducação lembra que essa avaliação foi feita entre 8 de novembro e 10 de dezembro do ano passado, quando nem todas as escolas haviam retomado o ensino presencial, como é o caso de São Luís do Maranhão. Nossa entidade lamenta que, durante a divulgação desse resultado, não houve nenhuma menção, sequer reconhecimento, ao trabalho realizado pelos (as) professores para tentarem diminuir os impactos da pandemia no aprendizado dos (as) alunos, já que alguns especialistas chegaram a considerar que as perdas do aprendizado ainda são reversíveis. Claramente só não houve um desastre ainda maior porque nossa categoria conseguiu, sim, evitar.

Resultados

Os resultados mostram que houve piora em todas as etapas de ensino. A maior queda, como já dito anteriormente, ocorreu na alfabetização. A pontuação obtida pelos alunos do 2º ano do ensino fundamental em Língua Portuguesa passou de 750 pontos em 2019, em média, para 725,5, o que significa que quatro em cada dez crianças que fizeram a prova não conseguem ler nenhuma palavra. A queda de 24,5 pontos entre um ano e outro significa que a média brasileira caiu em um nível.

O percentual dos estudantes do 2º ano nos três primeiros níveis, ou seja, que não conseguem sequer ler palavras isoladas, passou de 15,5% em 2019 para 33,8%, em 2021. Na outra ponta, a taxa no nível 8, o mais alto, caiu de 5% para 3%.

Em Matemática, o percentual dos estudantes nos três primeiros níveis passou de 15,9% em 2019 para 22,4% em 2021. Esses estudantes não são capazes de resolver problemas de adição ou subtração.

A média nacional caiu de 750 pontos para 741 pontos. Uma queda de 9 pontos. Nesta etapa as provas são aplicadas de forma amostral, a apenas um grupo de estudantes de escolas públicas e particulares.

Pandemia

Durante a pandemia, 92% das escolas em todo o país adotou de mediação remota ou híbrida e 72,3% das escolas recorreram a reorganização curricular com priorização de habilidades ou conteúdo. Ou seja, os estudantes, mesmo cursando o mesmo ano escolar, não aprenderam necessariamente os mesmos conteúdos e, por isso, não é possível saber se tinham ou não aprendido o que foi cobrado no momento da avaliação.

Para o Sindeducação, os resultados do Saeeb, ainda que importantes para medir os impactos da pandemia na educação, precisam ser bem contextualizados e sem compará-los com anos anteriores, pois entre as medidas que podem ter impacto direto existe a recomendação da aprovação automática, adotada em alguns municípios e a reorganização de currículos, definindo prioridades e considerando que o ano de 2020 poderia ser também trabalhado em 2021.

Nossa entidade sindical lembra que os números são evidências de que muito ainda precisa ser feito a fim de superar todos os obstáculos agravados pela covid-19. Em São Luís, nossa entidade cobra da Secretaria Municipal de Educação (Semed) um plano de recomposição para atenuar todos os impactos que são reflexos de uma falta de planejamento da Prefeitura de São Luís (desde 2020) e que leve em consideração a verdadeira realidade da rede pública municipal, que adotou durante mais de 2 anos, o aplicativo WhatsApp como plataforma de ensino. Além disso, os resultados do Saeeb e Ideb não devem ser tornar mais um elemento que contribua para o assédio moral da Semed com gestores e, principalmente, que não sirvam para culpabilizar nossa categoria.

É urgente que se pense em uma diretriz com estratégias educacionais, idealizadas a partir do nosso contexto (anos de sucateamento da rede) e que tenha o intuito principal de alcançar o rendimento necessário para determinada idade ou série dos (as) alunos. 

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IMPRENSA SINDEDUCAÇÃO

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