Nesta quarta-feira (15), estudantes e educadores de todo o país saem às ruas pela revogação do Novo Ensino Médio. Entenda o porquê que a luta pela revogação é necessária:
Em 2017, a Reforma do Ensino Médio foi implantada no governo Michel Temer com o objetivo de flexibilizar o currículo e oferecer aos alunos uma formação mais direcionada às suas áreas de interesse. É sabido que o governo Temer sequer teve legitimidade popular, tampouco teve uma gestão que dialogou com setores da educação, logo, na prática, o que ocorreu com a reforma foi algo desastroso para a educação do país.
Desde sua implementação, que acontece de forma escalonada até 2024, os problemas enfrentados por alunos e educadores são muitos, entre eles, o Sindeducação destaca: matérias sem conteúdo aprofundado, exclusão de materiais importantes para formação e análise críticas para o desenvolvimento dos estudantes, professores sobrecarregados e ministrando aulas sem estrutura alguma ou formação dentro da sua área, bem como a falta investimentos na formação de docentes e na infraestrutura das escolas.
O Novo Ensino Médio desconsidera as diversas realidades estruturais do país e agrava as desigualdades sociais ao potencializar a diferença que há entre o sistema de educação das escolas particulares e das escolas públicas. O exemplo é simples: enquanto estudantes de escolas particulares têm aulas de robótica, com laboratórios equipados, estudantes das escolas públicas lidam com teto desabando, salas alagadas quando chove, banheiro sem pia e sem água. Nesse modelo não há um incentivo e capacitação para querer que um jovem de classe social baixa passe em uma universidade
Mas porque se fala em revogação?
Recentemente o Ministério da Educação (MEC) abriu uma consulta pública para avaliação e reestruturação da Política Nacional de Ensino Médio, mas, como entende o Sindeducação, antes de se iniciar um diálogo com educadores e estudantes, é muito mais urgente a revogação da medida. “O prazo dado pelo MEC para consulta pública foi de 90 dias, ou seja, o cronograma é extremamente apertado, o que sinaliza que a disposição é para ajustes e não para mudança estrutural. Segundo o ministro Camilo Santana, as decisões precisam ser tomadas brevemente, pois as diretrizes da política servirão de base para a elaboração do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024”, declarou Dolores Silva, dirigente do Sindeducação.
Para a nossa entidade, ao se revogar o Novo Ensino Médio, é necessário que o governo logo receba estudantes, professores e profissionais da educação para poder formular e concretizar um modelo de ensino que faça sentido para os jovens. Afinal, educação se faz com democracia, e a democracia só é realizada quando o povo é ouvido. Além disso, o MEC precisa levar em conta que são indispensáveis investimentos, não só em estruturas físicas e equipamentos nas escolas, como também na formação de professores, cujo papel é determinante para as transformações do sistema de ensino.