A mobilização liderada pelo Sindeducação e representantes de outras entidades sindicais, movimentos sociais, estudantis e educadores de base conseguiu suspender a votação do projeto de lei Escola Sem Partido, de autoria do vereador Chico Carvalho (PSL), que seria uma das pautas de votação da sessão dessa segunda-feira, 3, na Câmara Municipal de São Luís.
Os professores e estudantes – que integram a Frente Maranhense Contra a Escola sem Partido – ocuparam a galeria e pressionaram para que a matéria não fosse votada antes da realização de uma Audiência Pública, para discutir a ideologia conservadora enraizada no PL do vereador ludovicense. Com palavras de ordem e discursos fortes, a Frente defendeu a liberdade do professor no exercício da sua função, e do direito a uma educação democrática, e, por fim, a pressão sindical/popular conseguiu impedir a votação da matéria por hora.
AVALIAÇÃO – A 2º tesoureira do Sindeducação, professora Nathália Karoline, reagiu com otimismo e considerou o movimento de realizado na Câmara uma vitória. “Ainda temos uma árdua militância pela frente, mas hoje demonstramos organização e força da nossa luta. Por hora, conseguimos barrar esse ataque à Educação, travestido de projeto de lei, orquestrado por parlamentares ligados a partidos ultranacionalistas, que nem de longe pensam na educação e o direito do professor lecionar com independência”, salientou.
Desde 2017, o movimento unificado vem se articulando no enfrentamento da Lei da Mordaça, que além de produzir o efeito de retrocesso, trata-se de uma “caça aos professores”. Nesse sentido, a profª Izabel Cristina, diretora sindical, chama a atenção para o risco à política educacional, ocasionado por bandeiras reacionárias defendidas por radicais de direita. “Esta é uma ameaça iminente à nossa profissão e à Educação. É um plano maléfico que pretende tratar o educador como um criminoso, o que nos faz pensar que estamos diante de uma nova Ditadura. Além do mais, tal ofensiva tende a precarizar a qualidade da educação no Sistema Público em favor de um modelo educacional mercadológico”, alertou.
Denise Duarte, líder estudantil, destaca a importância de levar essa discussão para dentro dos ambientes escolares. “O Dialogo é fundamental. Todos os grêmios estudantis, em torno de 65, estão envolvidos nessa construção de debate dentro das escolas. Hoje, já definimos outras estratégias que é de utilizar as redes sociais através de lives para nos comunicar com o alunado e explicar o porquê do projeto não ser aprovado”, enfatizou.
Para a professora Rosana Bordalo, há uma intenção tendenciosa de mascarar os declínios da educação pública do país. “A Escola sem partido representa para nós, professores, uma falta de respeito! Ninguém vai para a sala de aula influenciar tendências, nós ensinamos conteúdo. O PL mascara uma série de problemas que existem na educação pública como o deficit de professores, escolas sem condições básicas, a falta de formação adequada para os profissionais da educação, salários defasados, então, o que nós exigimos é respeito, trabalhamos com ética e dedicação. Respeitem a nossa profissão”.
O Sindedeucação seguirá na agenda de mobilizações contra o PL Escola sem Partido, Intensificando a vigilância aos trabalhos da Câmara de São Luís e pressionando todos os órgãos envolvidos na discussão do tema, para que tomem posicionamento em defesa da escola pública e dos profissionais do magistério.