PARALISAÇÃO | Professores enfrentam temporal e retaliação da PM no Dia de Luta em Defesa da Educação Pública da Capital

 

Manifestação pacífica dos professores partiu da Igreja São Francisco de Assis, no Bairro São Francisco.

Liderados pelo Sindeducação, os professores da Rede Pública Municipal realizaram nesta terça-feira, 30, Paralisação de Advertência em protesto à política de arrocho salarial implementada pelo Governo Edivaldo Holanda Júnior, que não dialoga com a categoria, e não repassa os 4.17% de reajuste do Piso Nacional do Magistério. Além dos educadores, se engajaram no movimento os aprovados no último concurso público realizado pela prefeitura; mães de alunos da Rede Municipal, transformando o protesto em um Grande Ato contra o caos na Educação Municipal.

A concentração ocorreu na Praça da Igreja de São Francisco de Assis, no Bairro São Francisco, e mesmo sob forte chuva e repressão da Polícia Militar do Maranhão (PMMA), os educadores levaram à sociedade ludovicense, a realidade dos graves problemas enfrentados pela Educação Pública da Capital.

Movimentou marchou até a porta da SEMED.

Durante marcha pela Avenida Colares Moreira, em direção à Secretaria de Educação – SEMED, a presidente do Sindeducação, professora Elisabeth Castelo Branco, denunciou a falta de compromisso da Administração Pública, em resolver os problemas e dialogar com a categoria. “Tanto o prefeito Edivaldo Holanda Júnior quanto o secretário de Educação, Moacir Feitosa, se fecharam para o diálogo com a categoria e prosseguem em silêncio fúnebre, situação igual está a Rede Escolar do município”, alertou.

A professora Josidete Barbosa também denunciou a falta de diálogo da SEMED. “Nunca foi muito fácil levar as demandas dos alunos e dos professores municipais para o Prefeito, mas nos últimos dois anos piorou muito”, disse.

Além do reajuste, a categoria exige a reestruturação das escolas e a disponibilização de material didático e pedagógico; cumprimento do plano de cargos, carreiras e vencimentos e do Estatuto do Magistério com pagamento, administrativo, das progressões; e a reposição das perdas salariais na ordem de 17,46%, convocação dos concursados, a entrega das duas creches e abertura de diálogo com o sindicato. Os professores denunciaram diversos problemas criados pela SEMED, como o acréscimo de 15 minutos à jornada de trabalho, em compensação ao tempo de recreio, o que é ilegal de acordo com o Sindeducação; 1/3 de hora atividade, dentre outros.

Durante o protesto, a presidente da entidade ressaltou que os professores não estão pedindo o impossível, mas apenas solicitando o pagamento dos 4,17% de reajuste da Lei Nacional do Piso, já efetivada, por exemplo, no Estado do Ceará, onde o governador Camilo Santana (PT) anunciou a implantação dos 4,17% para todos os professores da Rede Estadual de Ensino cearense.

Aqui em São Luís o repasse do FUNDEB, por exemplo, está em dia, as complementações dos repasses estaduais, e a arrecadação municipal está em curva crescente; mas a Prefeitura de São Luís trabalha com o discurso de terra arrasada para, sequer, dialogar com os professores”, lamentou a professora Elisabeth Castelo Branco.

Apesar do temporal, policia militar, fortemente armada, permaneceu no local, após tentar intimidar professores.

CHUVA – Apesar da chuva torrencial que atingiu a Capital no horário do protesto, os professores, mães e pais de alunos se mantiveram firmes na frente da SEMED.

Geisa Salazar, mãe de duas crianças, está sendo duplamente prejudicada. Para trabalhar, ela precisa deixar a filha menor de dois anos com amigas, já que não tem creche; já o outro filho, matriculado na UEB Ronald Carvalho – Anexo Terceiro Milênio, está sem aula desde o dia 15 de fevereiro. A escola foi fechada para uma reforma de 15 dias, mas até o momento não iniciou o ano letivo 2019. “Estou aqui reivindicando os direitos dos meus filhos. O Anexo que o meu filho mais velho estuda passa por uma reforma infinita. O secretário deu o prazo até fevereiro, mas já estamos fechando abril e nada do Terceiro Milênio voltar a funcionar. Nisso, o meu filho está há três meses sem aula”, reclamou a mãe.

“Do jeito que a reforma da escola está, eu tenho minhas dúvidas sobre qualquer volta às aulas ainda nesse semestre. É revoltante ficar com uma criança tanto tempo fora da escola”, finalizou Geiza.

APROVADOS NO CONCURSO – Os professores aprovados no último concurso público do município também participaram da manifestação. Elaine Fonseca, líder da Comissão de Aprovados, denunciou que a SEMED está prorrogando o prazo de convocação, para não chamar mais aprovados, pois o concurso expira no mês de Junho/2019. Além disso, mantém cerca de 600 professores contratados precariamente preenchendo os cargos que deveriam ser ocupados por Concurso Público.

Mães de Alunos e professores aprovados no concurso participaram do Ato Político na frente da Igreja, durante concentração do movimento.

Segundo a professora, a intenção é de manter, precariamente, os professores seletivados, que recebem um salário menor e não reclamam da situação de caos que a Educação Municipal vive. “É um desrespeito com a categoria. Nós fomos aprovados e temos o direito de assumir os cargos para os quais passamos”, frisou.

O Sindeducação luta pela convocação dos 822 aprovados no concurso público.

RETALIAÇÃO – Durante o protesto dos professores, policiais militares, em ação exagerada, com abuso de poder, portando armas de grosso calibre, metralhadores, vestidos com toucas-ninja, tentaram intimidar os professores. Os militares fizeram de tudo para acabar com a manifestação da categoria.

Professores correm para impedir prisão do motorista do carro de som.

Professores, pais, mães e até o motorista do carro de som, que estava fazendo o seu trabalho, foram coagidos, ameaçados de prisão pela PM, um absurdo. Enquanto isso, bandidos perigosos agiam em diversas partes da cidade, mas a polícia estava de ponto para coagir a luta pacífica dos professores”, denunciou a presidente do Sindeducação.

Crianças que acompanhavam as mães no protesto assistiram toda a ação midiática da PM.

Assista aos vídeos:

O sindicato lançou Nota de Repúdio (Clique aqui e leia na íntegra), e protocolará reclamação na Corregedoria de Polícia Militar do Maranhão, requerendo a apuração das condutas dos envolvidos na ação. “Entendemos que a atitude é localizada e não faz parte da prática da Corporação, vamos levar o caso ao conhecimento do corregedor-geral da Polícia Militar”, informou Elisabeth Castelo Branco.

Professores resistiram no local e prosseguiram com gritos de “Isso Isso Isso, Professor Não é Bandido!”

Pelo menos sete viaturas da polícia, 3 motos do Albatroz e uma motocicleta da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes – SMTT, foram deslocadas para a mobilização dos professores.

Enquanto o carro e agentes da SMTT estão aqui tentando desmobilizar os professores, engarrafamentos tomam conta do Angelim, Cohama, Cohab, Forquilha, Anil e outros bairros, um verdeiro desperdício do dinheiro público”, reclamou uma professora que não quis se identificar.

Manifestação foi pacífica e não bloqueou a Avenida Colares Moreira, garantindo o direito de ir e vir das pessoas. “O objetivo era justamente mostrar para quem passava no local, os problemas da Educação Pública”, relatou uma professora.

GREVE GERAL – Durante o protesto, a professora Elisabeth Castelo Branco convocou a categoria para a Greve Geral da Educação e em defesa da Previdência Social, convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE, para o próximo dia 15 de Maio.

Imprensa Sindeducação.

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