A Frente Norte/Nordeste pela Educação e o Sindicato dos Profissionais da Educação Pública da Rede Estadual e Redes Municipais do Ceará – APEOC realizaram, em Fortaleza, um Seminário sobre Financiamento da Educação com a participação de trabalhadores em Educação; lideranças sindicais do Norte/Nordeste; parlamentares federais; estaduais e municipais; assessores jurídicos e estudantes. O evento, que marcou o início de uma nova fase na luta em defesa dos Precatórios do FUNDEF e do Novo FUNDEB, aconteceu na última sexta-feira, 23, auditório Murilo Aguiar, na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará.
Para a presidente do Sindeducação, professora Elisabeth Castelo Branco, que representou a Frente no evento, a unidade dos trabalhadores do Norte/Nordeste tem conseguido aglutinar um debate dentro do Congresso Nacional, com parlamentares progressistas que têm abraçado a luta em defesa, por exemplo, dos Precatórios do FUNDEF e Novo FUNDEB. “Os deputados Idilvan Alencar e JHC, que me antecederam, foram enfáticos em afirmar que será difícil a aprovação das pautas da Educação Pública no parlamento, por isso, essa unidade e coesão dos trabalhadores do Norte e Nordeste é tão importante”, frisou a sindicalista.
Segundo o presidente da APEOC, Anizio Melo, a luta da Frente pela Educação alcança um novo patamar de organização, com a adesão e apoio de parlamentares dos mais diversos partidos, que têm um discurso progressista e caminham em trajetórias parecidas com as dos trabalhadores em Educação. Para Melo, os profissionais do Magistério devem ganhar as casas legislativas, para que pautas como os Precatórios do FUNDEF e o NOVO FUNDEB avancem.
“É incrível que estamos lutando pela concretização de algo que já é previsto na Constituição Federal, mas que frente a um governo de extrema direita, que tenta liquidar com a Educação Pública, é preciso resistir e fortalecer a luta para conquistarmos nossas pautas durante esse enfrentamento”, provocou.
PRECATÓRIOS – O deputado João Henrique Caldas, JHC, do Estado de Alagoas, relembrou a essência do FUNDEF, pensado para reduzir desigualdades regionais, e em sua criação, o Poder Legislativo fez constar na lei, mecanismos que tornaram obrigatórios o percentual mínimo de 60% para pagamento dos professores.
“Quando criamos a lei lá atrás, o espírito dela era justamente melhorar a remuneração do professor, tanto que no nome do fundo temos a expressão Valorização do Magistério, por isso, é dinheiro do professor”, pontuou o deputado.
JHC lembrou que, em detrimento dos órgãos de controle (TCU, AGU, etc), uma decisão verticalizada do Supremo Tribunal Federal determinou que o dinheiro é da Educação Pública, mas acabou deixando em aberto a subvinculação, que agora tem sido pautado por um grupo de cinco deputados no STF e na Câmara. “Sou relator dos Precatórios do FUNDEF dentro da Subcomissão mista com o Novo FUNDEB, ao lado do deputado Idilvan Alencar, e nossa luta é para que seja aprovado o rateio dos valores para os profissionais do Magistério”, informou sob aplausos do auditório.
JHC ressaltou também, que apresentou projeto de lei para regulamentar a utilização das sobras do FUNDEB, que hoje, requerem em cada Estado ou Município, edição de lei específica para pagamento de abono oriundo dessas sobras. “A nossa intenção é regulamentar o pagamento, para que os professores não fiquem reféns da boa ou má vontade dos gestores locais em repassar o dinheiro que lhes é devido quando há sobras”, explicou.
NOVO FUNDEB – O deputado federal pelo Estado do Ceará, Idilvan Alencar, falou sobre as PEC´s que tratam sobre a criação de um novo fundo, já que o atual acaba em 2020. O deputado é vice-presidente da Comissão Especial da PEC n.º 15/2015 que trata do Novo FUNDEB.
Essa PEC, que já foi aprovada na CCJ, torna o FUNDEB permanente, prevê compensações financeiras em caso de desonerações e complementação mínima da União de 15%, em 2020, elevando em 1% ao ano até alcançar 30%.
Idilvan Alencar fez um comparativo com as outras propostas, a PEC 65/2016 e a 33/2019, que são recentes e ainda não foram apreciadas pela Comissão de Constituição e Justiça – CCJ, e não há previsão para votação.
“Dentre as características dessa proposta do Novo FUNDEB podemos ressaltar que ele reduz desigualdades, garante aplicação mínima de 60% do recurso para o pagamento dos professores, e aplica valores diferenciados para cada etapa e modalidade de ensino”, pontuou Idilvan Alencar.
O parlamentar também lembrou que com o advento do FUNDEB, nenhum município beneficiado com o recurso investe, ao longo de um ano, menos de R$ 2.620 reais por aluno, mas que sem esse recurso muitos estados não alcançariam sequer R$ 500 reais”, finalizou.
Também participaram dos debates, o presidente do Sindicato dos Professores do Estado da Bahia, Rui Oliveira, representando a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação; os deputados estaduais Queiroz Filho (presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Ceará), Carlos Felipe e Augusta Brito; os vereadores Professor Evaldo Lima e Guilherme Sampaio (Fortaleza); Washington (Limoeiro do Norte); e Professor Pedro Neto (Itapipoca); e lideranças estudantis da UNE (União Nacional dos Estudantes), UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), ACES (Associação Cearenses dos Estudantes Secundaristas), UNEFORT (União Estudantil de Fortaleza).
Além de São Luís, Ceará e Bahia, sindicalistas da Frente Norte/Nordeste dos estados do Piauí; Pernambuco; Paraíba; Pará; e Amazonas também marcaram presença no debate. Foi aprovado a realização, no próximo mês de Setembro, de um seminário na cidade de Manacapuru.
Imprensa Sindeducação.