O Sindeducação realizou, no último dia 24, um espaço de debate e reflexão sobre as medidas adotadas pelo atual Governo Federal, na área da Educação Pública. A Mesa Redonda “O Enfrentamento aos Ataques do Governo Federal: desafios e consequências” aconteceu no auditório Zenira Fiquene, Faculdade Pitágoras, Turu. A atividade integrou a programação elaborada pela Diretoria do Sindeducação em homenagem ao Mês do Professor.
No início do evento, a Direção do Sindeducação apresentou um vídeo pontuando os ataques do Governo Federal à Educação Pública brasileira, tais como: Escola sem Partido; Militarização das Escolas; Cortes nas Verbas da Educação; e Reforma da Previdência. Diante desses ataques, também foi apresentado o trabalho de luta do Sindeducação no enfrentamento desse cenário adverso.
Os palestrantes foram os professores Jorge Antônio Soares Leão, mestre em Educação pela UFMA, especialista e graduado em Filosofia, professor do IFMA campus Monte Castelo; e o professor Márcio Henrique Baima Gomes, mestre em Ensino de História, especialista em Docência do Ensino Básico Superior, graduado em História, professor da Rede Estadual e Municipal de São Luís. A mesa foi presidida pela professora Nathália Karoline, dirigente do Sindeducação.
A sindicalista destacou que a mesa redonda buscou fazer uma análise da atual conjuntura político-social, para uma compreensão da gravidade das situações originadas pela ascensão do atual presidente da República. “Hoje foram abordados os desafios para a construção de um novo cenário, com referência democrática, garantindo a autonomia escolar e o resgate da moralidade e da valorização dos profissionais do magistério”, detalhou.
Para o professor de filosofia Jorge Antônio Soares Leão, o atual cenário político apresenta o espaço da afirmação de idiossincrasias, ou seja, divisões particulares de mundo, onde levam as suas crenças, ideologias e valores morais via preservação da família, da religião, de Deus e da propriedade.
“Não podemos fazer uma análise de conjuntura diante dessas medidas de forma isolada. Sabemos que faz parte de um processo de reconfiguração de capital, e esse processo se dá de uma forma muito voraz e veloz. O primeiro locus de atuação dessa nova reconfiguração chamada neoliberalismo é no Chile. E estamos vendo as consequências totalmente desastrosas, no ponto de vista social, político, econômico que o Chile está vivendo hoje”, explanou o professor de filosofia.
O professor Jorge Antônio afirma que não se pode separar o que está acontecendo no Brasil, atualmente, dentro de um processo que já vem se estendendo há pelo menos 40 anos, numa política que visa fundamentalmente destruir direitos da classe trabalhadora; e mais, especificamente, atacar um setor que é fundamental para a retomada de uma sociedade que possa ser inclusiva e construída a partir de outros parâmetros éticos e políticos.
“E esse setor nós sabemos é a educação. Não é à toa que estamos sendo gravemente atacados, sistematicamente por essa nova conjuntura que se dá aqui no Brasil, a partir da eleição do atual presidente. Não podemos entender o fenômeno educação distante da mundialização do capitalismo. Esse novo momento do neoliberalismo não traz nada de novo. Ele apenas é o processo de reafirmação, de ratificação da proposta liberal”, frisou o professor Jorge Antônio.
Para o professor de história Márcio Henrique Baima Gomes, existe uma programação também ideológica, que conta com apoio de mídias, de formadores de opinião que tentam desqualificar tudo que é público, criando um consenso social de que aquilo que é público é ruim, e apresentando a privatização dos setores públicos como solução.
“Por incrível que pareça observamos pessoas que são funcionários públicos (inclusive professores) dizendo que tem que privatizar mesmo, mal sabem eles que seremos um dos primeiros golpeados com esse processo. Porque a privatização dos setores públicos pressupõe não só o desmonte desse modelo de educação, mas especialmente a precarização das relações de trabalho nesse setor, quando não até a extinção desses cargos”, enfatizou.
O processo de acúmulo de cargos aqui em São Luís, por exemplo, como explica o professor Márcio Henrique, se alinha perfeitamente à atual conjuntura. “Com a proximidade do prazo de vigência do FUNDEB e propostas de desvinculações orçamentárias, flexibilizando aquilo que é obrigatório para ser investido em educação. As prefeituras já prevendo essa possibilidade vão fazer de tudo para trocar o professor concursado, com direitos adquiridos, por profissionais precarizados”, alertou.
“Por que atacar as escolas, universidades e professores de escola pública? Porque sabem que esse grupo é o grupo capaz de reagir a esse tipo de situação. Eles querem aniquilar qualquer possibilidade de reação desses setores mais esclarecidos. Por isso, professores e estudantes estão na linha de frente na luta contra esse processo de desmonte. A intenção desse governo é formar uma sociedade que não tenha uma massa crítica e nem reaja”, disparou o professor Márcio Henrique.
AVALIAÇÃO – O espaço do debate promovido pelo Sindeducação foi avaliado positivamente pela dirigente Nathália Karoline. “Principalmente, no momento da participação dos professores presentes para esclarecer suas dúvidas e até mesmo aprofundar algumas reflexões em relação à atual conjuntura política social, onde buscamos uma compreensão, novos caminhos e novas formas de continuar esse enfrentamento mediante a gravidade das situações que ameaçam nossa carreira de docente”, pontuou a sindicalista.
A dirigente do Sindeducação mencionou a importância desses encontros para a alertar os professores sobre os ataques declarados do governo federal à Educação Pública.
“Temos certeza que a semente do despertar que foi plantada aqui vai ser cultivada pelos professores nas suas escolas, com seus pares. Mais uma vez, o Sindeducação está de parabéns em proporcionar um debate qualificado para a categoria dos professores. A temática foi muito bem tratada por todos da mesa”, pontuou.
Para a professora da Educação Infantil Gleibe Mary, a temática abordada na mesa redonda é de suma importância para a categoria de professores. “A abordagem dos palestrantes forneceu subsídios necessários para uma compreensão mais profunda a respeito dos interesses que permeiam a educação brasileira. Nós, professores, temos que estar atentos a toda forma de ataque que agride a nossa classe e os direitos anteriormente conquistados. Agradeço ao Sindeducação pela promoção deste evento com esses excelentes palestrantes. Sinto-me muito privilegiada”, enfatizou.
Imprensa Sindeducação.