Menos de uma semana depois de ter organizado um megaevento para escolas comunitárias, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) demonstra desorganização e falta de respeito com trabalho dos (as) profissionais da rede, realizando uma Jornada Pedagógica de apenas dois dias para quase 6 mil pessoas e com uma programação que não contempla a todos (as). Mais uma vez, constatamos que a formação continuada e a qualidade da educação municipal não são prioridade para esta gestão.
Neste ano, a programação da Jornada Pedagógica deveria contemplar algumas das demandas mais sentidas pela categoria e:
- Ser um espaço destinado às discussões sobre as condições reais em que os processos pedagógicos acontecem nas escolas de São Luís;
- Ser um momento de reflexão coletiva sobre a formação, o planejamento, o currículo e a avaliação na rede;
- Dar destaque para compreensão das consequências socioeconômicas, psicológicas e cognitivas de dois anos de pandemia, com objetivo de colocar em prática um plano de reposição das aprendizagens e, assim, diminuir o enorme abismo social na educação pública.
- Ter um espaço específico para a Educação Especial sem palestras genéricas e compreendo as necessidades e dificuldades do processo de inclusão nas escolas;
- No que tange à Educação de Jovens, Adultos e Idosos, ter, além do tema de aprendizagem criativa, temas da juvenização, da equidade e da profissionalização, que parecem ser pertinentes neste momento.
Por isso, achamos que é questionável a realização deste evento em apenas dois dias – para servir como momento de efetivo trabalho pedagógico que ajude a rede a pensar sua realidade e planejar da melhor forma seu ano letivo, a Jornada Pedagógica deveria ocorrer em pelo menos uma semana, com uma programação que não seja descolada das reais necessidades dos (das) profissionais e que contemple a participação de todos (as).
Será que a Prefeitura de São Luís tem realmente o interesse de contar com a colaboração de gestores (as), coordenadores (as), suportes pedagógicos e professores (as) das escolas da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA) nesta ação? Parece que a resposta a estes questionamentos é negativa, visto que muitos (as) professores (as) não conseguiram realizar sua inscrição no primeiro dia e estão sendo orientados a só comparecerem na quarta-feira (25) em seus locais de trabalho. Nossa orientação, para este caso em questão é que os (as) professores (as) que não conseguiram efetuar a inscrição, que não se disponibilizem a irem para as escolas, no primeiro dia, na tentativa de obterem um outro tipo de planejamento.
Além disso, a programação, não considera uma parte da categoria que não dispõe dos dois períodos do dia para se dedicar à jornada. Há professores (as) que também trabalham para a rede estadual e em outros municípios da Região Metropolitana de São Luís. No dia 24 de janeiro, por exemplo, a programação exclui os professores que trabalham no município no turno matutino e em outras redes no turno vespertino.
Devemos ressaltar também que a Prefeitura de São Luís não levou em consideração o período de férias da categoria, proporcionou um curto prazo para a realização das inscrições e ainda colocou locais diferentes para abertura e realização de toda a programação. A abertura acontecerá em um Buffet que não é de fácil acesso para muitos, pois está situado na Av. dos Holandeses, no Calhau.
O Sindeducação já encaminhou ofício à Semed solicitando esclarecimentos e exigindo providências para que nenhum professor seja prejudicado. A pasta deve assumir o compromisso geral, de pensar em todo o público e pensar em suas especificidades. Continuaremos lutando para que nosso trabalho seja respeitado e que a profissionalização docente seja uma prioridade na política de gestão da educação. Somente assim conseguiremos avanços concretos para uma educação de qualidade.