Professores mestres e doutores apresentaram temas de relevada importância para o desenvolvimento da qualidade de ensino dos profissionais do Magistério, nos dois últimos dias do Seminário dos Anos Iniciais, promovido pelo Sindeducação no auditório da Associação Comercial do Maranhão, no Centro Histórico da Capital. O evento, realizado de 8 a 11 de Maio, foi direcionado aos educadores da Rede Pública Municipal, com o objetivo de valorizar o profissional da educação, agregando e atualizando os conhecimentos, a fim de aperfeiçoar a gestão em sala de aula.
Na manhã do dia 10, o professor Genylton Rocha (UFPA) falou sobre o que muda com a Base Nacional Comum Curricular – BNCC. A Base estabelece conhecimentos, competências e habilidades essenciais que todos os alunos da Educação Básica devem aprender ao longo da escolaridade.
Segundo o docente, a BNCC é “um museu de grandes novidades”, parafraseando o cantor compositor Cazuza, para frisar que o currículo escolar precisa ser visto como uma seleção de conhecimentos. “O papel da escola é o de trabalhar e produzir novos conhecimentos”, afirmou.
Ainda pela manhã, os mestres Carlos Eduardo Everton (IFMA) e Márcio Henrique Gomes (SEDUC-MA) fizeram um debate sobre a “Escola Sem Partido: trajetória, intenções e momento presente”.
Durante o diálogo os professores apresentaram detalhes sobre a contracorrente que existe em relação à Educação Pública, e que coloca o educador como difusor de “doutrinação esquerdista”. “A verdade é que no projeto da Escola Sem Partido não existe nenhum princípio que se preocupe, efetivamente, com a educação”, frisou o professor Márcio Gomes.
Para Carlos Eduardo, o projeto não é sustentado por qualquer base ideológica, sendo incongruente e contraditório. “Na verdade, o que o Governo quer é reverter a base curricular, a partir de um projeto que dê sustentação legal para isso, mas que não deixa de ser vazio”, explicitou.
Mediadora do debate, a professora Elisabeth Castelo Branco avaliou que as pessoas defendem o projeto por desconhecerem as entrelinhas. “Existe por trás desse projeto o interesse da mercantilização e privatização, e se nós não pararmos para refletir e analisar, vamos acabar aceitando; e no final, quem estará sendo doutrinado somos nós, professores”, relatou.
ESCOLAS MILITARES – Na tarde de sexta-feira, 10, o professor Gilvan Azevedo (IFMA), apresentou dados, e traçou um panorama da crise que atinge as escolas civis públicas. Azevedo abordou o assunto em três fases, a crise que se abate na educação; as soluções, que estão presentes no discurso hegemônico; e por fim, as possibilidades dos caminhos a seguir.
A doutora Cacilda Cavalcanti fomentou um debate sobre a Mercantilização da Educação. A palestrante falou sobre a vinculação da Educação à economia, e ressaltou que em nenhuma sociedade ela pode estar desvinculada. “O problema é para onde a Educação Pública segue quando há fortes interesses econômicos disputando espaços com ela”, assinalou.
Conforme as pesquisas da doutora, o mercado da educação tem uma estreita relação com Educação Pública. Segundo a professora, existe um grupo composto por cinco entes que dependem majoritariamente da permanência da educação pública. São elas: Instituições particulares, Grupos editoriais, Grupos de assessorias privadas, Escolas e instituições comunitárias e filantrópicas e as organizações sociais de interesse público.
RACISMO – O Racismo na Educação foi o tema que abriu os trabalhos do sábado, 11. O professor Acildo Leite da Silva (UFMA), apresentou trabalho onde enumera diversas situações de racismo que atingem a educação. Para o doutor, o preconceito passa pela cor da pele e chega aos livros didáticos, como é o caso do conto “O sítio do pica-pau amarelo”, do escritor Monteiro Lobato, e que alcança questões religiosas, culturais e costumes de cada membro que pertence ao grupo escolar.
Para Acildo foi muito importante o sindicato contemplar essa discussão para os professores da rede municipal, pois é um problema muito grave existente na sociedade brasileira. “Em eventos como esse temos a possibilidade de conversar, aprender, e reafirmar a necessidade de uma formação contínua para essa problemática de discriminação e racismo em sala de aula”, avaliou.
O pesquisador disse ainda que, lamentavelmente, ainda se depara com muitos professores que cultivam práticas que reforçam o racismo e o preconceito, por não saberem lidar com essas questões.
MÍDIAS DIGITAIS – João Bottentuit Júnior, professor doutor da UFMA, apresentou aos educadores da Rede Municipal, a possibilidade da utilização de ferramentas digitais na gestão escolar e na sala de aula. Para o estudioso, “se bem utilizadas, as ferramentas digitais e a internet podem ser excelentes aliadas dos profissionais de educação”, comentou.
No encerramento do evento a professora Elisabeth Castelo Branco agradeceu a presença e participação dos professores, e fez uma rápida avaliação sobre o momento político vivido pela categoria em âmbito nacional e local. Uma dança de salão apresentada pelos bailarinos Perla Alves e Clay Carlos; sorteios de brindes; vouchers para almoço especial em um restaurante da cidade; kits de perfumaria e bolsa de estudos para o curso de dança na Educação Básica, animaram o encerramento do seminário.
AVALIAÇÃO – Professoras que participaram do seminário avaliaram positivamente o evento realizado pelo sindicato. A professora Leiliane Frazão destacou a contribuição do seminário para os educadores, e ressaltou que o sindicato oportunizou o enriquecimento das práticas didáticas e pedagógicas, suprindo uma carência deixada pela administração municipal.
“O seminário contribuiu muito, e vai ser um diferencial na nossa atuação na Educação Infantil”. Tivemos assuntos como tecnologia e inovação; racismo na educação; as novas diretrizes da BNCC; e trabalhamos vários assuntos referentes aos anos iniciais da educação, historicidade, enfim, o evento está de parabéns”, ressaltou.
Para professora Vicelir Sá Santos, o seminário foi uma oportunidade ímpar para a formação dos professores. “Alguns colegas perderam um conhecimento inalcançável, e só terão outra oportunidade igual a essa quando o sindicato fizer outro seminário”, avaliou.
Imprensa Sindeducação.