SEMED marcou início das aulas remotas para o próximo dia 24
Por meio da Portaria 151/2020 a Secretaria de Educação do Município de São Luís – SEMED pretende oficializar, a partir do próximo dia 24, a exclusão de milhares de estudantes ludovicenses do Ensino Público. Pelo documento, além de instituir data de início para as aulas remotas, com a contagem oficial de carga horária ao Ano Letivo 2020, convoca professores a retomarem suas funções a partir desta segunda, dia 10, de forma virtual, sem dar condições para tal exigência.
O Sindeducação repudia o conteúdo disposto no documento, vez que busca retomar o calendário escolar sem qualquer estrutura tecnológica construída pelo Município de São Luís, expondo a responsabilidade do acesso, implementação e custeio do ensino remoto apenas aos professores e famílias dos estudantes. Além disso, o sindicato avalia que tal retomada serve apenas para dar uma satisfação à sociedade, e como forma de demonstrar cenário diverso ao que predomina na Rede Municipal, o da falta de infraestrutura.
Para a professora Izabel Cristina, Presidente do Sindeducação, a SEMED quer que os professores e estudantes incorporem o “faz de conta” no processo ensino-aprendizagem, – diga-se de passagem -, para os estudantes que conseguirem acessar as aulas a partir de recursos próprios. “De outro lado, grande parte dos quase 90 mil estudantes não possuem acesso a uma internet de qualidade que oportunize o acompanhamento das atividades”, frisa a sindicalista.
Para o Sindeducação, a dita “parceria” com a Fundação Lemann, que custou milhares de reais para a Educação Pública, nada mais é que a privatização do ensino, a partir da visão mercantilista da educação, desprezando a construção pedagógica dos professores no processo ensino-aprendizagem.
“Assim sendo, as atividades pedagógicas não presenciais podem acontecer por meios digitais: videoaulas, uso de aplicativos, postagens em grupo de WhatsApp, com a orientação de leituras, pesquisas, entrevistas, filmes, atividades, exercícios, dentre outros ou pela entrega de material didático impresso com orientações pedagógicas aos estudantes e seus pais ou responsáveis. Nesse sentido, a unidade de ensino deve organizar a proposta de um Calendário Escolar e de um Plano de Trabalho Pedagógico”, ressalta trecho das diretrizes da SEMED.
No mundo fantástico criado pelo prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) e seu secretário de Educação, Moacir Feitosa, a população ludovicense é 100% conectada à internet.
O questionário aplicado pela SEMED às famílias dos estudantes obteve 15.882 respostas, do universo de quase 80 mil estudantes matriculados, atualmente, na Rede Municipal. “Independente do resultado, o total de respostas já é excludente por si, já que não identifica o nível de acesso do total das famílias às tecnologias para uso do Ensino à Distância/Aula Remota”, frisa a professora Izabel Cristina.
Cerca de 84,3% das famílias entrevistadas possuem “smartphone”, mas apenas 50,2% tem internet disponível para uso. Mais de 90% dos professores e gestores escolares possuem o aparelho celular, mas 33,1% dos professores e 19,9% dos gestores não têm acesso à internet. O questionário atingiu 3074 professores, dos mais de 7 mil lotados na Rede Municipal.
Quando perguntados sobre a importância do Ensino à Distância no atual momento de pandemia, os resultados, para os três segmentos, alcançam entre 70 e 80%. A maioria concorda com a importância da retomada das aulas, mas para que de fato aconteça, é necessário atingir outros requisitos que no próprio resultado apresentado já deixa claro não existir, tais como o acesso universal aos meios tecnológicos e à internet.
Quase 85% das famílias também responderam que não possuem aparelho “notebook” em casa. Em média, 30% de professores e equipes gestoras também não possuem o recurso.
A Assessoria Jurídica do Sindeducação foi acionada para estudar e ajuizar uma Ação Judicial que questione a adoção do ensino remoto na Rede Municipal de São Luís, principalmente em relação a falta de infraestrutura tecnológica para essa modalidade de ensino. O Ministério Público também será provocado nas próximas horas.
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Imprensa Sindeducação.