ENTREVISTA | Secretário de Educação de São Luís vai à TV falar maravilhas da Rede Municipal de Ensino

O secretário de Educação de São Luís, Moacir Feitosa, em “entrevista” concedida à TV Assembleia, no programa Portal Assembleia, “falou maravilhas” sobre sua gestão à frente da SEMED. O secretário também elogiou a implantação do programa Educar Mais, em 2017; a reforma de 170 escolas pelo prefeito Edivaldo Holanda Júnior; a matrícula e o diário online, e se arriscou a dizer que São Luís é a cidade que mais chove no Mundo. Para o gestor, a Educação Municipal é regida, atualmente, por uma Política de Estado, constituída de vários eixos.

Entrevista do secretário na TV Assembleia:

O Sindeducação avalia, nas afirmações do secretário, a falta de humildade do gestor em reconhecer a incompetência administrativa que norteia a sua pasta; o sucateamento das escolas da Rede Municipal; a política de arrocho salarial e desvalorização dos profissionais da Educação; o que representa, para o sindicato, um verdadeiro “deboche” à sociedade ludovicense, em especial, para os que mais necessitam de uma Educação Pública inclusiva, gratuita e de qualidade.

A realidade, aos olhos dos educadores e pais de alunos, que acompanham diariamente as escolas municipais é outra, totalmente diferente da desenhada pelo secretário na TV”, comenta a professora Elisabeth Castelo Branco, presidente do sindicato.

A realidade que o secretário não quer ver ou não quer falar, está nas diversas escolas da Capital que ainda não iniciaram o Ano Letivo de 2019, por falta de condições mínimas de funcionamento, ou em outras, que iniciaram em situação precária e superlotadas, como é o caso da UEB Anjo da Guarda, com mais de 35 alunos de 6 a 11 anos, por sala; ou da UEB Pastor Estêvam Ângelo de Souza (Cidade Operária), que depois de uma pane elétrica em Dezembro de 2018, está paralisada até hoje aguardando uma reforma emergencial prometida pela SEMED; ou ainda, da UEB Dom Delgado (Vila Cascavel), com relatório da Vigilância Sanitária condenando as condições de higiene do prédio, que também ameaça desabar e foi interditada pelo Corpo de Bombeiros; ou da UEB Carlos Madeira e UEB Santa Clara, ambas de Educação Infantil, que até hoje não iniciaram o ano letivo; ou ainda na UEB Mata Roma, também da Cidade Operária, que está com o prédio abandonado e as crianças assistindo aula em salas improvisadas no prédio da Igreja Católica, dentre outras.

Protesto de pais e professores na UEB João Mohana, que está fechada. Paredes da escola dão choque em dias de chuva.

Professores e alunos, em dezenas de escolas, estão submetidos à condições insalubres. O tema será tratado em matéria especial divulgada em breve aqui na página do Sindeducação.

Moacir Feitosa também comemorou a reforma de 170 escolas municipais pelo prefeito Edivaldo Holanda Júnior, que segundo ele, foi crucial para que apenas 25 escolas da Rede Municipal tivessem “pequenas avarias” com as fortes chuvas que caem na Capital maranhense nas últimas semanas. “Em lugar nenhum do mundo chove tanto em um só dia como em São Luís”, daí o motivo dos problemas” que atingiram algumas escolas da rede, afirmou.

Falta manutenção nas escolas da rede municipal.

Segundo dados do último levantamento realizado pelo Núcleo Geoambiental da UEMA, São Luís é apenas a 5ª capital brasileira com maior índice pluviométrico, com 2.199,9 milímetros de chuva por ano, ficando atrás de cidades como Belém (3,084 mm); Macapá (2,549); Manaus (2,301) e Recife (2,263). Com o resultado nacional, a capital maranhense deve ficar bem abaixo dessas posições, no ranking mundial. 

Por falta de reformas pontuais, na UEB Camélia Viveiros (Coroado), durante as chuvas, goteiras fazem surgir uma “cachoeira” na parte interna da escola. Assista ao vídeo logo abaixo.

Moacir Feitosa festejou a convocação de cerca de 260 professores, que segundo o gestor, vai acabar com a carência de educadores em diversas disciplinas. Apesar das comemorações, o secretário deixou de citar que a convocação dos aprovados se deu por meio de Ação Civil Pública ajuizada pela 1ª Promotoria de Justiça da Educação, de n.º 519–28.2014.8.10.0002, que tramita na 1ª Vara da Infância de Juventude de São Luís.

DIÁRIO ONLINE – Outro tema comemorado pelo secretário foi a implantação do Diário Eletrônico de Classe. “Não existe mais papel nas secretarias das escolas, o Diário é em tempo real”, relatou. Para o sindicato, as afirmações do gestor levam a crer que tanto o Diário quanto a Matrícula online funcionam em plenitude.

Das 266 escolas da Rede Municipal, apenas 52 escolas possuem tecnologia para o cadastramento dos dados. Moacir Feitosa, secretário de Educação, já afirmou publicamente que é favorável à utilização de recursos pessoais (internet, celular e notebook) do próprio professor para o cumprimento da tarefa, eximindo o Poder Público de sua obrigação. O sindicato repudia a prática, pois a SEMED deve garantir estrutura para a implantação de seus programas de gestão.

MATRÍCULA ONLINE – Sobre o processo de matrícula online, o Sindeducação afirma que, infelizmente, o Município de São Luís tem perdido alunos, e não “ batido recorde” como afirmou o secretário. “Até hoje centenas de famílias aguardam resposta da SEMED para matricular seus filhos. Até quando vão esperar?”, indagou a professora Elisabeth Castelo Branco.

Assista ao vídeo de uma mãe revoltada que ainda não conseguiu matricular sua filha.

Imprensa Sindeducação.

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