Apesar da taxa de analfabetismo ter caído no país – em 2019 era de 6,1%, e em 2022 recuou para 5,6%, o Brasil ainda tem quase 10 milhões de pessoas com 15 anos ou mais que não sabem ler nem escrever e mais da metade desses analfabetos vivem no Nordeste e são idosos –, é preciso fazer muito para que o combate às desigualdades seja uma prioridade entre os governantes.
Esses dados acima, mais recentes, são da PNAD Contínua, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua e foram divulgados em 2023 pelo IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A pesquisa ainda apontou que a necessidade de trabalhar foi a principal justificativa dos jovens com 14 a 29 anos de idade para abandonarem a escola.
E é para esse universo, para aqueles que, por motivos que vão além da justificativa de não conseguir conciliar estudo com o trabalho, que a Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem sido uma ótima ferramenta capaz de reduzir o nível de analfabetismo e o déficit no setor. Ciente da importância desse segmento para a democratização da Educação, o Sindeducação, inicia 2024 com uma campanha em prol da EJA. Afinal, possibilitar o acesso ao ensino é ampliar oportunidades para muitos, que conseguem ter uma vida mais digna, ou seja, formação como indivíduos e cidadãos, além de acesso ao mercado de trabalho com melhores vagas e até com melhores salários.
Por esses motivos, lutar pela ampliação de turmas da EJA na rede pública municipal de São Luís, é um dos primeiros passos para termos uma garantia positiva, já que a falta de demanda, que muitas vezes é um dos argumentos para um olhar especial da Administração Pública, não condiz com a realidade da nossa comunidade.
“O Sindeducação acredita que a busca ativa por estudantes para a EJA é um importante passo dentro do processo. Temos que ter alternativas de buscar os (as) estudantes, de alcançar aqueles (as) que pensam em desistir, antes de se pensar em fechar turmas porque há baixa adesão. Enquanto lutamos para garantir qualidade na Educação Pública, as portas não podem se fechar porque esses estudantes ficam desestimulados a estudarem em locais longe de suas residências”, explica Ana Paula Martins, Secretária de Comunicação.
Preocupada com a falta de investimentos dentro da EJA na capital maranhense, nossa entidade iniciou essa campanha em prol da EJA veiculando um VT na TV Mirante (Globo) alertando os jovens e adultos a se matricularem até o dia 10 de janeiro. É importante que a comunidade esteja atenta ao período de matrícula, que não deve ser estendido, e ajude a divulgar a importância da sobrevivência deste segmento.
Consequentemente, garantindo o acesso à Educação desses jovens e adultos, outra iniciativa fundamental é desenvolver políticas públicas de permanência desses (as) estudantes oferecendo espaços seguros para a comunidade escolar, auxílio transporte, uma proposta de currículo mais extensa, material didático adequado à faixa etária e atualizado, além é claro de diminuir a carência de professores (as) e aumentar os recursos para a formação deles para atender melhor este segmento. “Precisamos pressionar e ir mais além, precisamos fortalecer uma EJA voltada a educação profissional e tecnológica, junto com uma política de emprego e geração de renda dentro da nossa rede. É por meio da EJA que podemos resgatar um direito que foi ferido, dando oportunidade de pessoas mudarem o curso de suas histórias”, concluiu Vilenir Rosale, professora da UEB José Cupertino.