DEBATE | Palestra sobre Mercantilização e Militarização da Educação Pública reforça a importância de uma categoria unida e consciente

 

Professor Alderico Almeida foi o palestrante da noite do dia 31.

“É preciso conhecer a realidade social de seus alunos para educar de verdade”, essa foi uma das reflexões apresentadas pelo prof. Mestre Alderico José Santos Almeida, no Ciclo de Debates “Os Desafios da Educação”, realizado pelo Sindeducação, nos dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro, no Auditório Zenira Fiquene – Faculdade Pitágoras. Com o tema “A Mercantilização e a Militarização da Educação Pública: mitos e verdades”, o evento reuniu educadores da Rede Pública Municipal de São Luís.

A professora Elisabeth Castelo Branco, presidente do Sindeducação, participou do evento e abriu uma discussão sobre a importância da conscientização da categoria em relação ao cenário político nacional, como estratégia para combater os problemas locais. “Não sabemos o que esperar desse governo atual. Nós ficamos com a ilusão de que as mudanças estão longe da gente, mas, por exemplo, a Reforma da Previdência afetará todos os trabalhadores. Precisamos estar preparados, por isso, a palestra do professor Alderico é uma oportunidade ímpar. São momentos como este que a nossa categoria se fortalece e se capacita para enfrentar os problemas vividos por nossa classe dentro e fora da sala de aula”, provocou a presidente.

Professora Elisabeth Castelo Branco fez a abertura do evento.

O palestrante abordou os diversos desdobramentos das estruturas públicas escolares do país, e o advento de ideologias ultraconservadoras, intencionalmente disfarçadas de políticas de reconstrução da família e sociedade, defendidas pelo Governo Federal. O professor criticou duramente o discurso de ódio e exclusão social apresentado pelos integrantes do atual governo, e pelo próprio presidente da República, Jair Messias Bolsonaro.

“É inadmissível que um ministro da Educação pregue que o conhecimento é para poucos. Isso fere o conceito de Democracia. Enquanto isso, no governo Lula, por exemplo, programas como o Ciências Sem Fronteiras permitiam que estudantes de todos as classes sociais tivessem a oportunidade de ampliar sua aprendizagem por meio de intercâmbios”, comparou Alderico.

“O momento é tão delicado e peculiar, que é a primeira vez que vejo dentro dos meus estudos, numa cultura ocidental, um candidato se eleger por oprimir o povo, propagando notícias falsas “fake news”, estimulando a violência entre a população, desvalorizando a luta dos movimentos sociais, ou seja, um discurso extremamente elitista e segregador”, finalizou.

INTERAÇÃO – Educadores interagiram no momento de fala. Para os participantes, a justificativa utilizada por muitos governos, ao longo da história do Brasil, para adotarem e estimularem a educação militarizada, é a suposta ideia de que esse sistema apresenta uma didática fundamentada em uma disciplina moral e comportamental, que seria eficiente na formação de cidadãos bem-sucedidos e realizados socialmente. Entretanto, segundo o palestrante, essa concepção é bastante equivocada, além de opressora e ineficaz.

“Esse sistema escolar militarizado não respeita a individualidade de cada aluno, produzindo, muitas vezes, analfabetos políticos, sujeitos traumatizados e com graves comprometimentos sociais. Essa mentalidade ainda é uma herança do regime ditatorial que nosso país viveu na segunda metade do século passado”, disparou o professor.

Para o palestrante, um dos principais objetivos dessa doutrina é padronizar os indivíduos, tornando-os massas de manipulação para o Mercado. Nós, educadores, não podemos aceitar essa ideia. Devemos estimular o questionamento, a participação do jovem nas decisões políticas, a luta pelos direitos sociais. Esse tipo de comportamento desagrada e não é interessante para o grande Capital”, frisou.

“Como solução para os prováveis desafios que a nossa categoria vivenciará nos próximos quatro anos, sugiro que sejamos contestadores, participando dos sindicatos e movimentos sociais, nos capacitando de maneira interdisciplinar e fortalecendo intelectualmente nossos alunos. Não deixemos que ideias medievais retrocedam nossas conquistas, pois ‘quem sabe faz a hora, não espera acontecer’”, finalizou com os versos do poeta Geraldo Vandré.

 

Imprensa Sindeducação.

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