Para piorar, salas não tem ventilação e temperatura causa mal-estar
A UEB Anjo da Guarda, localizada no Bairro de mesmo nome, virou depósito de alunos. Visita realizada pelo Sindeducação nesta terça-feira, 19, constatou superlotação nas salas de aula, fato que impede o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem pelos professores. Com a interdição, fechamento e precarização das várias escolas da Rede de Ensino, a migração de alunos para as unidades que possuem infraestrutura regular, é um dos fatores que agravam esse problema.
Durante a visita, os diretores do sindicato ficaram impressionados com a quantidade de alunos por sala. De acordo com a presidente do Sindeducação, professora Elisabeth Castelo Branco, o problema é gravíssimo. “Acompanhamos essa superlotação nas escolas municipais, problema que prejudica o aprendizado dos estudantes e o trabalho do professor”, lamentou.
São mais de 35 alunos por sala de aula, o que transforma a UEB Anjo da Guarda em mero depósito de alunos, e impossibilita o atendimento individualizado do estudante. “Como é que o professor vai aplicar sua metodologia de trabalho, se não consegue nem se locomover dentro da sala?”, indagou a sindicalista.
As salas são pequenas e sem ventilação, o que eleva a temperatura e chega a causar mal-estar, além disso, não há iluminação adequada.
Uma professora que atua na escola, relatou que não suporta ver as crianças “pingando suor”, por isso, leva de casa um climatizador para tentar amenizar o problema. “É muito sofrimento, não suporto ver essas crianças nessa situação, pingando de suor aqui, nesse calor infernal”, frisou a educadora.
Segundo o Sindeducação, não existe uma legislação nacional que determine o número máximo de alunos por classe na Educação Infantil ou em qualquer outra etapa da Educação Básica. Conforme prevê a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), as redes de ensino – municipais e estaduais – têm autonomia para estabelecer a organização e a distribuição das turmas e alunos sob sua responsabilidade. “E é aí que SEMED se aproveita e faz das poucas escolas com estrutura regular, depósitos de crianças, para depois culpar os professores pelo baixo índice de aproveitamento escolar”, ressalta a professora Izabel Cristina, diretora do sindicato.
A UEB Anjo da Guarda é a única escola de Educação Infantil da área, e atende crianças entre 6 e 11 anos, do 1º ao 5º ano.
Apesar disso, segundo a professora, há características desejáveis previstas no documento Parâmetros Nacionais de Qualidade da Educação Infantil (também presentes no parecer do Conselho Nacional de Educação nº 28/1998) que estabelece, por exemplo, um número máximo de aluno por professor.
“Além disso, o parecer aponta que “a quantidade máxima de crianças por agrupamento ou turma é proporcional ao tamanho das salas que ocupam, o que é desproporcional ao caso da UEB Anjo da Guarda, onde os professores mal podem andar”, finalizou.
Apesar dessa diretriz, as secretarias de educação alegam que são apenas diretrizes e não leis; e não determinam uma relação de crianças por sala.
MAIS ALUNOS – Apesar da caótica situação na UEB, as matrículas prosseguem abertas para recebimento de novos alunos. A situação vai ser denunciada pelo sindicato ao Conselho Tutelar e Promotoria da Infância e Juventude. “O prefeito insiste em dizer que prioriza a Educação Pública, que investe, que reforma, que equipa escolas, mas queremos saber onde elas ficam, pois em São Luís o retrato da rede é um só, o de caos!”, denuncia Elisabeth Castelo Branco.
Ainda de acordo com o sindicato, a SEMED busca, lamentavelmente, maquiar essa realidade. “Quando a Imprensa filma, faz reportagem, o secretário de Educação, Moacir Feitosa, abre a gaveta e retira sempre a mesma nota de esclarecimento, já requentada, e manda para leitura dos jornais”, ressalta a presidente.
Imprensa Sindeducação.