O Sindeducação há muito tempo vem se manifestando sobre as condições que devem ser garantidas pela Prefeitura de São Luís para que seja possível o retorno das atividades presenciais nas escolas do município. Para a direção da entidade, a volta às aulas neste momento é extremamente preocupante e tem gerado ansiedade e descontentamento na categoria, considerando que a pandemia não está controlada e o processo de vacinação da população ainda é bastante insuficiente.
Por outro lado, as condições concretas das escolas também permitem afirmar a inviabilidade de retorno. Nesta semana, a diretoria do Sindeducação, em parceria com professores da base, realizou diversas visitas às unidades de ensino da rede municipal, com objetivo de produzir um relatório das suas condições estruturais e pedagógicas, e constatou um cenário ainda mais devastador de abandono, tirando como principal conclusão que a retomada das aulas, sem que as escolas passem por reparos e reformas, para que possam cumprir os protocolos sanitários, é ceifar mais vidas.
Com escolas fechadas há mais de um ano, com uma infraestrutura que já estava precária muito antes da pandemia da covid-19, é possível afirmar que somente um plano emergencial – quase heroico – muito bem planejado e conduzido poderia garantir um retorno com condições mínimas de segurança sanitária. Nas UEBs visitadas, como podemos verificar nas fotos desta matéria, falta tudo: desde álcool em gel na entrada das escolas, pias com água potável e sabão; não existe sequer sabão nos banheiros para lavar as mãos, a maioria dos sanitários não está funcionando, são poucas as escolas que apresentam salas amplas, arejadas e com ventilação natural, há infiltrações nas paredes e no teto, os telhados com goteiras e com forros despencando são uma realidade comum nas escolas, sem falar das precárias redes hidráulica e elétrica que não têm manutenção regular. Em algumas unidades visitadas observa-se que a única solução seria fechar as portas da escola, pois a infraestrutura está totalmente comprometida, assim como o mobiliário.
De acordo com a tesoureira do Sindeducação, Cláudia Aquino, das mais de 50 escolas visitadas entre segunda e quinta-feira, na zona urbana, nenhuma apresenta condições estruturais para acolher alunos e os profissionais da educação. “Nossos diretores estão munidos de um questionário com mais de 20 perguntas sobre os dados gerais da escola, como está acontecendo o ensino remoto, se há internet, equipamentos para impressão das aulas, condições dos espaços como salas, banheiros e refeitórios, entre outros questionamentos importantes. Ao final desse mapeamento, o sindicato fará um relatório final e tomará as providencias cabíveis para que, mais uma vez, os profissionais da educação não paguem um preço alto pela falta de comprometimento do Poder Público com a educação pública. Já assumimos muitas responsabilidades com a adoção às pressas do ensino remoto na rede e não vamos pagar com nossas vidas”, explicou.
De acordo com informações de professores de diversas escolas, no período de realização da entrega dos kits de alimentação, algumas unidades de ensino chegam a receber, em média, 300 pessoas diariamente – o que já representa um alto risco de transmissão da doença, além disso, o álcool em gel utilizado pelos profissionais é comprado com dinheiro do próprio bolso. Na maioria dos casos, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) não enviou equipe de engenharia para avaliar a infraestrutura predial, apenas solicitou que as gestoras e gestores enviem relatórios apontando as necessidades da escola.
A gestão Da Unidade Vai Nascer a Novidade entende que o professor merece um local de trabalho limpo, salubre e que tenha condições efetivas para realização de atividades pedagógicas com qualidade. Essa é uma reivindicação histórica da qual não pretendemos abrir mão. Não descansaremos enquanto não tivermos solução para esta demanda e seguiremos fazendo as exigências imprescindíveis ao Executivo municipal, no sentido de garantir as condições sanitárias nas UEBs. Um passo importante já está sendo dado que é a vacinação dos profissionais da educação, mas ela sozinha não garante a segurança necessária para o retorno das aulas.
Reforçamos outra reivindicação histórica da categoria, que seja respeitada como parte da sociedade e como profissionais. Nenhum professor está se recusando a fazer seu trabalho, mas apenas exigindo respeito à vida dos profissionais, das crianças, dos adolescentes e dos familiares, ademais, chamar a atenção para necessidade de superar o estado de indigência da educação municipal; que as escolas sejam mais que depósitos de crianças e local onde elas vão se alimentar, que possam ser locais de desenvolvimento humano pleno, onde se aprende ciências, tecnologias e artes. Nós convidamos toda sociedade a fazer parte disso.
IMPRENSA SINDEDUCAÇÃO