AVALIAÇÃO FORMATIVA NA REDE MUNICIPAL DE SÃO LUÍS: Qual o papel dos professores?

Após mais de dois anos da pandemia da covid-19, estudantes e professores ainda lidam diariamente com as suas consequências. Ausência de investimentos na estrutura das escolas, que garantam a continuidade das aulas e a supra a defasagem pedagógica acumulada neste período são alguns dos desafios. Segundo dados da Unicef, no Brasil cerca de 4 milhões de alunos do ensino fundamental ficou sem acesso à nenhuma atividade escolar em 2020 e 2021.  Os dados do Censo Escolar, publicado em maio de 2022, demonstraram aumento do abandono no Ensino Fundamental e um déficit no desempenho dos estudantes em Matemática e Língua Portuguesa: 71% dos estudantes que chegaram ao terceiro ano não desenvolveram conhecimentos para fazer contas básicas; metade dos alunos chegou ao quinto ano com essa deficiência; 54% não tinham habilidades básicas de leitura, como reconhecer personagens de uma história.

Esse contexto gerou um déficit educacional enorme. O Sindeducação sempre cobrou que a Prefeitura Municipal de São Luís e a Secretaria Municipal de Educação (Semed) investissem no cumprimento dos protocolos sanitários, na vacinação da comunidade escolar, no combate à evasão para que houvesse um retorno seguro das aulas presenciais. Inclusive, fomos os primeiros a alertar sobre a necessidade priorizar a saúde física e psicológica dos profissionais de educação e dos alunos, sobretudo porque atualmente temos um preocupante índice de adoecimento na categoria de professores na rede de São Luís.

Cobramos também que a secretaria atuasse de forma sistemática e conjunta para solucionar essa problemática, contudo, o que temos acompanhado é a transferência da responsabilidade para a comunidade escolar. No que tange ao plano de recuperação das aprendizagens, a secretaria limitou-se a enviar documento de orientações para que as próprias equipes pedagógicas, juntamente com professores elaborassem planos de ação com alternativas e projetos que visem dirimir a defasagem, além de realização de formações isoladas para algumas áreas/ disciplinas.

Por outro lado, de 29 de agosto a 9 de setembro, a rede está aplicando a Avaliação Formativa do Programa Educar pra Valer. Esse processo teria o objetivo de “acompanhar a evolução da aquisição de conhecimento do estudante, ao mesmo tempo em que fornece subsídios para o professor compreender o quão eficiente está sendo seu processo de ensino. ” O que é bastante esdrúxulo, uma vez que os instrumentos de avaliação não foram elaborados pelos (as) professores (as) ou com sua colaboração e não levam em consideração a realidade vivida por eles. No entanto, foi atribuída aos (às) professores (as) a responsabilidade de aplicar, corrigir e inserir os resultados da avaliação no sistema da Educar para Valer e no Sistema do MEC!

Claro que concordamos com a realização das avaliações, sobretudo neste momento em que são extremamente necessárias para precisar o impacto da pandemia no desenvolvimento e desempenho dos estudantes da rede, mas por que os (as) professores (as) é que devem acumular mais essa tarefa? Porque, mais uma vez, os (as) docentes terão que pagar a conta?

O terço de hora atividade já é insuficiente para todas as atividades pedagógicas fora de sala de aula (planejamento e organização das aulas, elaboração e correção de atividades e avaliações, registro no sistema, realização de formação), sempre tivemos que levar trabalho para casa. A correção e registro dessas avaliações que estão sendo adicionadas à sua rotina pedagógica representam uma sobrecarga de trabalho. Não podemos aceitar.

O Sindeducação já está tomando as devidas providências no sentido solicitar à Semed esclarecimentos sobre esse processo e questionando a delegação de mais essa demanda aos (às) professores (as), considerando que a operacionalização de qualquer avaliação externa às unidades escolares é de responsabilidade da própria secretaria.

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IMPRENSA SINDEDUCAÇÃO

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