25 e 31 de Julho Dias da Mulher Negra, Latino-Americana, Caribenha e Africana

Estamos no julho das pretas, mês dedicado a dar visibilidade às lutas, condições sociais e de vida das mulheres negras. No dia 25 de julho comemorou-se o Dia Internacional Latino-Americano e Caribenho da Mulher Negra. No Brasil, desde 2014, essa data é apresentada como uma homenagem à Tereza de Benguela, grande liderança quilombola que esteve à frente do Quilombo de Quariterê durante duas décadas. Tereza de Benguela teve um papel de destaque, tanto na condução e existência do seu quilombo contra as atrocidades dos governos, quanto na organização do seu povo. Neste sábado, 31 de julho, celebramos também o Dia da Mulher Africana.

As mulheres negras sofreram o processo de diáspora, foram traficadas do seu continente de origem e até hoje vivem uma condição social extremamente em desvantagem, submissão e exploração. Elas estão no mercado de trabalho em patamares inferiores, assumindo postos de trabalho como empregadas domésticas eserviços terceirizados, como aponta o Boletim das Mulheres Negras no Mercado de Trabalho, publicação trimestral do NPEGen. A publicação mostra que as mulheres negras foram a maioria na desocupação, na subocupação e na subutilização da força de trabalho ampliada, mostrando que a sua inserção no mercado de trabalho foi mais precária do que a dos demais grupos considerados (homens negros e mulheres e homens brancos). O trabalho doméstico mostra-se tipicamente feminino e negro – as mulheres representaram 93,2% do trabalho doméstico sem carteira, sendo 61,6% mulheres negras. A remuneração das mulheres negras foi sempre inferior a de demais grupos, mesmo com o aumento da escolaridade ou do cargo ocupado.

Elas são a maioria que sofrem o feminicídio, violência domestica e sexual, assédio moral – segundo dados do 15º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que apontam que duas em cada três vítimas de feminicídio, em 2020, são mulheres negras, o que representa 61,8% das mortes.

A combinação Racismo, machismo e exploração colocam as mulheres negras nos piores patamares de vida e de sobrevivência – nestes tempos de pandemia, pesquisas mostraram que as mulheres negras foram as mais afetadas pelo desemprego, fome e mortes causadas pela covid-19. Ao ter que garantir o sustento das suas famílias, mulheres e trabalhadores de vários setores foram expostos ao vírus sem que houvesse garantia de isolamento social, medidas sanitárias e proteção da vida. O fim do auxilio emergencial, após já ter sido reduzido pela metade em 2020 pelo governo Bolsonaro, só aprofundou a grave crise existente, aumentando o numero de desalentados e a vulnerabilidade dessas famílias.

É preciso lembrar que os governos se aproveitam da pandemia para atacar e retirar ainda mais os direitos dos trabalhadores, com reduções de salários, retirada de gratificações e aumento salariais e demissões de trabalhadoras e trabalhadores.

Vale destacar que as mulheres negras são a maioria que estão na educação básica, atuando tanto como professoras da educação infantil e ensino fundamental quanto com crianças e jovens presentes na escolas públicas como exercendo cargos de serviços terceirizados. Mesmo com toda essa situação de agravamento da pobreza e exclusão social das mulheres negras, elas têm demonstrando com força, garra e disposição de luta o caminho a ser seguido.

O julho das pretas serve de reflexão e denúncia, de que é preciso pensar a melhoria das condições de vida dessas mulheres. Ao longo da história no Brasil, as mulheres negras têm demonstrado a forma de organização e luta, ligada a sua sobrevivência e liberdade.

Tereza de Benguela Dandara, Luiza Mahin, Acotirene, Maria Firmina dos Reis e várias outras mulheres são sinônimo de luta contra essa situação social imposta, no combate a opressão racista, machista, lgtfobia a exploração. Viva a luta dessas mulheres negras. Viva toda a luta de todas as mulheres negras!

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