Sindeducação na Reunião do Coletivo de Mulheres da CNTE

Na semana passada a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) reuniu, em Brasília (DF), mulheres sindicalistas de suas entidades filiadas para a Reunião do Coletivo de Mulheres. O encontro foi realizado durante os dias 22 e 23 de novembro e o objetivo foi debater a atual conjuntura de políticas para as mulheres e esclarecer o papel das educadoras na defesa e fortalecimento das pautas de gênero na sociedade. A secretária de Comunicação do Sindeducação, Ana Paula Martins, representou o nosso sindicato.

Para a organização, este encontro aconteceu em um momento simbólico, pois marcou os 21 dias de resistência e luta contra a violência de gênero, referindo-se ao período dedicado ao Dia Internacional de Erradicação da Violência contra a Mulher (25/11) e ao Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência Contra as Mulheres (6/12).

De acordo com a secretária de Finanças da CNTE, Rosilene Corrêa, o período das eleições municipais de 2024, por exemplo, tornam ainda mais necessário o debate e a organização das mulheres sobre suas pautas.  “É preciso entender que, apesar de termos hoje um Ministério Das Mulheres e um governo com olhar de perspectiva sobre nós, as coisas ainda não estão resolvidas. Como educadores sindicalistas, temos uma responsabilidade ainda maior de estar cada dia mais fortalecidos, para que, de fato, possamos derrotar o cenário de fundamentalismo e conservadorismo do nosso país”, concluiu.

Ministério da Mulher

A professora e pesquisadora Olgamir Amância definiu o trabalho feito pelo Ministério das Mulheres no atual governo como uma “Reconstrução das políticas sobre escombros”. Segundo ela, apesar do órgão ter trazido consigo condições de esperanças, colocando a mulher como tema central de debates, ainda existem desafios que afetam a permanência e a resistência de trabalho. Para a pesquisadora, um dos desafios é reconstruir sobre bases extremamente conservadoras e difíceis e quem é da Educação tem a obrigação de olhar para essa realidade através de muitas lupas.

Papel de defesa por educadoras

A Reunião do Coletivo de Mulheres destacou o desafio das educadoras em levar para dentro das escolas os debates sobre as desigualdades que existem na sociedade, em particular, as desigualdades de gênero, como forma de fortalecer essas discussões na sociedade por meio dos estudantes.

Ainda foi ressaltado sobre a necessidade de uma mudança na formação conservadora e fragmentada dos professores. “É preciso superar isso e entender que a formação vai além da dimensão técnica. Tem que ser trabalhada a formação mais humana e crítica da realidade, para que os estudantes possam se questionar também sobre a realidade em que vivem”, declarou Olgamir Amância.

Voz ativa

O último dia da Reunião do Coletivo de Mulheres da CNTE, destacou ainda a necessidade de as trabalhadoras da educação terem uma participação mais ativa em todas as discussões dos seus sindicatos.

“Hoje, os homens são os principais responsáveis pelo domínio do dinheiro e dos números. Temos um desafio de fazer com que a política de gênero seja tratada conjuntamente dentro dos sindicatos, não apenas como uma política de mulheres, mas também temos o desafio de não sermos monotemáticas, pois assim não somos valorizadas no conjunto da direção”, declarou Fátima Silva, secretária Geral da CNTE e vice-presidente da Internacional da Educação para a América Latina (Ieal).

No segundo dia do encontro foi apresentada uma análise de como as políticas internacionais têm afetado o país. Usando como exemplo a eleição do Javier Milei como o novo presidente da Argentina, destacou-se que a diminuição de países alinhados às políticas brasileiras nas Américas Latina e Central, por influência dos Estados Unidos, tem deixado o Brasil isolado.

Segundo Fátima Silva, apesar da luta dos sindicatos não sofrer grandes abalos devido às mudanças do cenário político internacional, é preciso que as entidades também expandam seus interesses e reflexões para além das pautas educacionais.

Trocas de experiências

Um momento do encontro também foi aberto para que as representantes dos sindicatos compartilhassem as dificuldades e os avanços que suas entidades e estados possuem na luta pela igualdade de gênero.  Entre os principais desafios apontados, foram mencionadas a presença majoritária de homens na liderança das organizações e a relativização das políticas e do trabalho feminino, que dificultam o engajamento das pessoas nesse debate.

As trabalhadoras ainda apontaram os planejamentos que buscam levar para os sindicatos, no empoderamento das companheiras afiliadas. Segundo elas, essa organização pode contribuir para fortalecer as lutas que ainda são caras.

“Todas as falas e considerações em comum foram guardadas e servirão para que possamos fazer os encaminhamentos e construir os eixos da nossa luta e organização no próximo ano”, garantiu Berenice Darc, secretária de Relações de Gênero da CNTE.

Ana Paula Martins, secretária de Comunicação do Sindeducação, avaliou todo o encontro como um espaço rico para trocas de experiências, de poder ouvir tantas as vozes femininas e suas experiências de luta de várias regiões do país, sobretudo como podemos promover e defender a equidade de gênero, avançar com nossas agendas em meio a tantos desafios.

“É mais um passo importante que damos para tornar a nossa entidade ainda mais representativa e comprometida com a defesa dos direitos das mulheres. As mulheres são maioria na nossa base e também na nossa diretoria e merecem que suas demandas e reivindicações sejam sempre debatidas. Inclusive, a oficina realizada no Coletivo de Mulheres já é uma iniciativa que vamos replicar no Sindeducação”, destacou a dirigente sindical.

Campanha dos 21 dias de ativismo contra a violência de gênero

Com o objetivo de sensibilizar a população masculina a respeito da importância de denunciar casos de violência contra mulheres, a CNTE lançou, durante o Coletivo, a Campanha do Laço Branco. São 21 dias de resistência e luta contra a violência de gênero, em referência ao  Dia Internacional de Erradicação da Violência contra a Mulher (25/11) e ao Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência Contra as Mulheres (6/12).

“É uma luta nossa, mas queremos envolver os homens também. São 21 dias de ativismo para vencermos esse processo da violência, que é tão brutal e que mata as mulheres, sejam essas brancas, negras, pobres ou com condições sociais muito melhores”, enfatizou Berenice.

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